Despedimo-nos hoje de Françoise Forton, atriz conhecida de várias gerações por mais de 30 novelas de televisão ao longo de mais de 50 anos de carreira, além de tantos outros filmes e peças.

Françoise faleceu neste domingo (16), aos 64 anos, em uma clínica no Rio de Janeiro, onde estava internada há mais de quatro meses para o tratamento de um câncer. Filha de pai francês e mãe brasileira, nasceu no Rio de Janeiro em 8 de julho de 1957.

Françoise Forton

Estava casada desde 2010 com o produtor Eduardo Barata e deixa um filho, Guilherme, do primeiro casamento, com o físico Ênio Viotti.

Françoise Forton estreou nos palcos ainda criança, em peças infantis. Aos 11 anos, fez sua primeira peça profissional, Os Pais Abstratos, contracenando com Glauce Rocha, Darlene Glória e Jorge Dória.

Aos 13, dividiu a cena com o também adolescente Stepan Nercessian no filme Marcelo Zona Sul, de Xavier de Oliveira, lançado em 1970.

Foram 10 filmes e inúmeras peças de teatro, inclusive como diretora – Édipo Rei, Boeing Boeing, A Serpente, Pequenos Burgueses, Electra, Toda Donzela tem um Pai que é uma Fera, Ricardo III, Blackout, Depois Daquele Baile e muitas outras.

O primeiro papel no elenco fixo de uma novela tinha um nome estranho: a sonhadora e simplória Estrada de Ferro, de Fogo Sobre Terra, de Janete Clair, em 1974. Emendou este trabalho com as novelas Cuca Legal e O Grito.

O sucesso popular veio em 1976, quando viveu a Miss Albuquerque, depois Miss São Paulo e Miss Brasil, Maria Tereza, a Tetê, na novela Estúpido Cupido, de Mário Prata, em 1976-1977.

Sobre a famosa cena em que Tetê vence o concurso Miss Brasil, o diretor Régis Cardoso narrou em seu livro “No Princípio Era o Som”:

Eu armei um truque para obter dela como atriz uma reação bem positiva e altamente dramática. (…) combinei com todos que deveríamos gravar direto, sem pausas (…) Ninguém sabia o desfecho (…) Antes de começar a gravação das cinco finalistas, fiz uma pequena pausa na gravação, fui pessoalmente ao ouvido de Françoise e disse que ela tiraria segundo lugar porque senão não poderia casar com o galã. Claro que era mentira. (…).

Preparei uma câmera dela e quando o Hilton Gomes anunciou o segundo lugar, e que não era ela, a partir de então comecei a gravar seu close de aflição. Se ela não era a segunda, então seria a vencedora. E foi o que aconteceu. Obtive dela uma reação realista ao extremo, até lágrimas de emoção ela deixou cair”.

Françoise Forton retornou à televisão em 1983, na novela Sabor de Mel, da TV Bandeirantes. À Globo, em 1988, em Bebê a Bordo, e não parou mais.

Destacou-se em novelas como Tieta, Meu Bem Meu Mal, Sonho Meu, Quatro por Quatro, Explode Coração, Por Amor, Os Ricos Também Choram, Ribeirão do Tempo, I Love Paraisópolis, Tempo de Amar e outras.

Por Amor

Seu último trabalho na TV foi na novela Amor Sem Igual, da Record, em 2020.

Nas tantas vidas que emprestou no cinema, teatro e televisão, Françoise Forton ia do drama à comédia com a leveza, porte altivo e voz doce e segura que lhes eram peculiares – como a nova-rica Meg Trajano, na novela Por Amor (1997-1998), de Manoel Carlos, outra de suas personagens muito lembradas pelo público.

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor