Em sua segunda semana de exibição, Todas as Flores está conquistando tudo o que Travessia adoraria alcançar. Além do inegável êxito junto à crítica, que já se rendeu à história de João Emanuel Carneiro, a produção é, também, sucesso de audiência no Globoplay e campeã de repercussão. Ou seja: na prática, Todas as Flores é a sucessora natural de Pantanal.

Todas as Flores - Letícia Colin

Afinal, o enredo de Benedito Ruy Barbosa e Bruno Luperi conseguiu fazer a novela das nove da Globo voltar a gerar assunto. A trama foi além dos bons números. Pantanal se tornou mania, ditou moda e repercutiu. As pessoas conversavam sobre o folhetim no trabalho, nas reuniões de família, nas ruas…

Em alta

Todas as Flores - Letícia Colin, Regina Casé e Sophie Charlotte

Guardadas as devidas proporções, é isso o que está acontecendo com Todas as Flores. A produção está entre os conteúdos mais consumidos do Globoplay, o que configura sucesso de audiência.

Mas não só isso: a novela tem virado assunto e feito barulho nas redes sociais. A exibição do primeiro capítulo na TV Globo, na última segunda-feira (24), levou a obra ao 1º lugar dos TrendingTopics do Twitter.

Volta por cima

Todas as Flores - Regina Casé

Tamanho êxito comprova que, com Todas as Flores, João Emanuel Carneiro deu a volta por cima na Globo. O autor de Avenida Brasil (2012) andava desacreditado após o fraco desempenho de A Regra do Jogo (2015) e Segundo Sol (2018), seus trabalhos anteriores. Além disso, viu a trama criada para a faixa das nove ser “rebaixada” para o Globoplay.

No entanto, o hype em torno de uma novela de streaming mostra que o autor vem conseguindo recuperar a velha forma dos tempos de A Favorita (2008) e Avenida Brasil. Com Todas as Flores, Carneiro reafirma seu DNA ao fazer um dramalhão bastante tradicional, com personagens instigantes e boas viradas.

Erro da Globo?

Todas as Flores - Caio Castro e Letícia Colin

Com isso, não falta espectador lamentando o fato de Todas as Flores não estar no horário nobre da Globo. A boa repercussão do folhetim, somada ao desempenho pífio de Travessia na TV aberta, faz com que parte do público aponte que a Globo errou ao “rebaixar” a narrativa de João Emanuel.

No entanto, é importante salientar que, caso estivesse na TV aberta, Todas as Flores teria que se submeter a uma série de limitações, enquanto no streaming ela se permite mais ousadia. Sem essa liberdade toda e no canal aberto, a trama correria o sério risco de enfrentar o tradicional “ranço” do espectador.

Ou seja, o que poderia ser um erro estratégico pode, na verdade, ser um acerto. Ao colocar Todas as Flores no streaming, a Globo deu à novela de João Emanuel Carneiro a liberdade necessária para que o autor conte essa história da melhor maneira possível.

Compartilhar.
Avatar photo

André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor