Mal estreou e No Rancho Fundo já fez a Globo esquecer do fiasco de Elas por Elas. A trama de Mário Teixeira elevou a audiência da faixa das 18h e já atinge os sonhados 20 pontos de audiência que a emissora buscava.

Isadora Cruz e Sergio Guizé em Mar do Sertão
Isadora Cruz e Sergio Guizé em Mar do Sertão

Com isso, o folhetim já venceu um de seus principais desafios: recuperar o público perdido do horário. No entanto, há outro desafio que o autor Mário Teixeira precisará superar com sua nova novela – rápido esgotamento da trama central, como foi visto no caso de Zé Paulino (Sérgio Guizé), em Mar do Sertão (foto acima).

O roteirista terá que se controlar para não esgotar a trama rapidamente, um erro que costuma repetir em toda obra sua.

No Rancho Fundo é continuação de Mar do Sertão?

No Rancho Fundo foi concebida para repetir o êxito de Mar do Sertão, novela que alcançou bons números em 2022. Para isso, o autor Mário Teixeira resgatou vários personagens da trama anterior e os inseriu numa nova história.

Ou seja, No Rancho Fundo não é bem uma continuação de Mar do Sertão, mas sim um spin-off, já que se passa no mesmo universo do folhetim de 2022. A novela também mantém o tom de comédia romântica nordestina que agradou o público há dois anos.

Mas, apesar do sucesso, Mar do Sertão não foi uma novela perfeita. O autor Mário Teixeira contou sua história de uma maneira um tanto apressada, ao ponto de esgotar a trama principal poucas semanas depois da estreia.

Queimando cartuchos

Sérgio Guizé em Mar do Sertão
Sérgio Guizé em Mar do Sertão

Mar do Sertão contava a história de amor de Candoca (Isadora Cruz) e Zé Paulino (Sergio Guizé). Eles eram atrapalhados por Tertulinho (Renato Góes), que se livrou do rival para se casar com a mocinha. Porém, Zé Paulino escapou da emboscada com vida, retornando 10 anos depois e encontrando Tertulinho casado com Candoca.

Este triângulo amoroso tinha potencial para render, no mínimo, metade da duração da novela. Porém, tudo foi resolvido em poucos dias. Toda a primeira fase da história, que mostrava o atentado de Tertulinho contra Zé Paulino, foi mostrado de forma apressada, sem clímax.

A segunda fase, com o retorno de Zé Paulino, também foi rápida. A volta do homem que todos consideravam morto não surpreendeu ninguém e, em pouco tempo, ele voltou às boas com Candoca. O autor confundiu agilidade com pressa e resolveu a trama principal de Mar do Sertão em menos de um mês.

Desafio

Mar do Sertão só não se perdeu de vez porque foi sustentada pelas tramas paralelas. Mário Teixeira criou coadjuvantes carismáticos e engraçados, fazendo da novela uma história divertida de se assistir, mesmo com a trama principal andando em círculos.

Trata-se de um erro recorrente na obra de Teixeira. I Love Paraisópolis (2015), escrita com Alcides Nogueira, e O Tempo Não Para (2018) tiveram o mesmíssimo problema. Nos dois casos, a audiência até caiu no decorrer da história.

Ou seja, o grande desafio de Teixeira em sua nova novela é colocar o pé no freio e ir mais devagar na saga de Quinota (Larissa Bocchino), Artur (Tulio Starling) e Marcelo Gouveia (José Loreto). Não é preciso correr tanto na história.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor