A Favorita é uma novela bastante lembrada pela sua trama central forte e cheia de reviravoltas. A rivalidade entre Donatela (Claudia Raia) e Flora (Patrícia Pillar) toma conta de grande parte dos capítulos, em sequências que envolvem todos os personagens diretamente ligados às protagonistas.

A Favorita

O grande tempo de tela do duelo das rivais também se dá porque as tramas paralelas criadas por João Emanuel Carneiro para sustentar o enredo são bastante desinteressantes. Histórias tolas, como as de Maria do Céu (Deborah Secco) e Orlandinho (Iran Malfitano), ou de Rita (Christine Fernandes) e Didu (Fabrício Boliveira), não atraem a atenção do público e soam como ruídos dentro da narrativa da novela.

Por isso, a reapresentação de A Favorita no Vale a Pena Ver de Novo deve passar por um processo de “enxugamento”. De acordo com o site Notícias da TV, a reprise da novela será encurtada para sair do ar em novembro. E a tesoura afetará justamente as tramas paralelas, acusadas de derrubar os índices de audiência da novela.

A Favorita

Vale salientar que a audiência da reprise de A Favorita não está ruim. Até o momento, o folhetim registra média de 14,9 pontos no Kantar Ibope, número maior que o de O Clone, que anotou 14,1. No entanto, acredita-se que uma edição mais focada na trama principal possa aumentar estes índices.

Exibição original

Silveirinha e Flora - Ary Fontoura e Patrícia Pillar - A Favorita

Quando foi ao ar originalmente, entre 2008 e 2009, A Favorita demorou a engrenar. A concorrência com Os Mutantes – Caminhos do Coração, da Record, e o fato de a novela não apresentar, de cara, quem é a mocinha e quem é a vilã, fizeram com que a novela, inicialmente, tivesse recepção morna.

Os índices só começaram a subir depois que Flora assumiu as vilanias da trama, enquanto Donatela se tornou uma mocinha sofredora. Os planos maquiavélicos da malvada e as tentativas de Donatela de provar sua inocência empolgaram o público, e a audiência subiu. Além disso, a trama também contou com boa recepção da crítica, que apontou os bons ganchos e as boas reviravoltas da história de João Emanuel Carneiro.

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No entanto, enquanto a trama principal era festejada por público e crítica, as tramas paralelas eram alvos constantes de críticas. Histórias como as de Maria do Céu, que se tornaram esquetes cômicas isoladas do enredo, irritavam o público.

As tramas paralelas de A Favorita eram tão ruins, que várias delas foram sumindo da história ao longo da novela. Personagens como Alícia (Taís Araújo) e Arlete (Angela Vieira) passaram vários capítulos sem dar as caras. E, quando davam, eram em cenas sem grande importância. Além delas, personagens como Amelinha (Bel Kutner) e Gurgel (Mario Gomes) simplesmente desapareceram.

A Favorita

A única trama paralela que despertou algum interesse do público em A Favorita foi a história de Catarina (Lilia Cabral). A dona de casa que sofria com a violência do marido Leonardo (Jackson Antunes) fez o público se compadecer e torcer por um final feliz.

Ou seja, ao reduzir a presença das tramas paralelas de A Favorita na reprise do Vale a Pena Ver de Novo, a Globo corrige um erro da novela. A trama vale mesmo pelo thriller central, e as histórias paralelas são meros penduricalhos que só servem para preencher capítulos.

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Planos frustrados

A Favorita

Com a decisão de levar a reprise de A Favorita até novembro, a Globo modifica seus planos iniciais. A ideia original era reapresentar a novela de João Emanuel Carneiro praticamente na íntegra, levando a trama até fevereiro de 2023.

Mas, ao enxugar as tramas paralelas e focar na história principal, A Favorita deve ficar no ar até novembro. Com isso, a emissora deverá lançar uma nova reprise no Vale a Pena Ver de Novo justamente num mês já abarrotado de atrações, como a Copa do Mundo.

Deste modo, a Globo terá que sacar da gaveta duas reprises de novelas “poderosas” para turbinar sua programação vespertina, tendo em vista que a edição especial de O Cravo e a Rosa sairá do ar em breve. O desafio, então, será selecionar dois folhetins com potencial para elevar a audiência vespertina do canal.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor