O recente fracasso de Elas por Elas na faixa das seis confirmou que remake nem sempre é garantia de sucesso. A Globo já sabia disso quando fez uma nova versão de Pecado Capital, clássico de Janete Clair de 1975 que ganhou um remake escrito por Gloria Perez em 1998.

Thiago Lacerda em Pecado Capital
Thiago Lacerda em Pecado Capital (Divulgação / Globo)

Ao contrário da primeira versão, a segunda Pecado Capital foi um fiasco e ficou marcada mesmo pelos problemas de bastidores envolvendo seus protagonistas.

Mas, ainda assim, o Viva tentou trazê-la de volta para sua programação duas vezes. Porém, diante da repercussão negativa do repeteco, o canal voltou atrás…

Remake problemático

A segunda versão de Pecado Capital foi escrita por Gloria Perez, que começou sua carreira como novelista justamente ao lado de Janete Clair em Eu Prometo (1983). Gloria, portanto, conhecia bem o universo de Janete e parecia a pessoa ideal para tocar uma nova versão deste clássico.

A novela, então, parecia à prova de erros. Mas, na prática, não foi bem assim. A história do taxista Carlão (Eduardo Moscovis), que encontra uma mala de dinheiro em seu carro e fica em dúvida sobre o que fazer com a fortuna, não caiu nas graças do público.

Para piorar, a novela teve problemas nos bastidores. Na época, a imprensa noticiou que Carolina Ferraz, intérprete da mocinha Lucinha, não se dava bem com Francisco Cuoco, que, como Salviano Lisboa, compunha o triângulo amoroso central com Carlão e a estrela. Dizia-se que Carolina se recusava a beijar o veterano.

Gloria Perez, então, precisou “apagar o fogo”. A autora desfez o par envolvendo Lucinha e Salviano criando Laura (Vera Fischer), que entrou na novela para fisgar o ricaço. Já Carlão repetiu o desfecho do personagem na versão original – quando era vivido justamente por Francisco Cuoco – e morreu baleado agarrado à mala de dinheiro. Lucinha, então, terminou a novela sozinha.

Fiasco

Francisco Cuoco e Carolina Ferraz no remake de Pecado Capital
Francisco Cuoco e Carolina Ferraz no remake de Pecado Capital

Ao contrário do que a Globo esperava, Pecado Capital derrubou a audiência da faixa das 18 horas, finalizando com média de 26,8 pontos num horário em que a emissora esperava pelo menos 30. A trama saiu de cena com pecha de fracasso e muito criticada.

Por isso, causou estranheza quando, em 2013, o Viva anunciou uma reprise do folhetim. A ideia do canal pago era que a trama substituísse Felicidade (1991) na faixa das 15h30. Porém, bastou a informação vir à tona que a chiadeira começou!

O público reagiu negativamente à novidade do Viva, que não teve opção. O canal resolveu voltar atrás na decisão e desistiu de trazer Pecado Capital de volta. Em seu lugar, entrou a segunda versão de Anjo Mau (1997), este sim um remake de enorme sucesso do horário das 18h da Globo.

Nova tentativa

Mas, apesar da má vontade do público com a segunda versão de Pecado Capital, o Viva não desistiu de trazer de volta o folhetim de Gloria Perez. No ano seguinte, a emissora voltou a anunciar o retorno da novela.

Desta vez, a ideia era que Pecado Capital substituísse o primeiro repeteco de História de Amor (1995) nas tardes do canal. No entanto, mais uma vez, o público reclamou horrores da escolha do Viva, fazendo o canal recuar novamente.

O Viva, então, promoveu uma enquete para escolher a sucessora da novela de Manoel Carlos. As opções eram Lua Cheia de Amor (1990), Despedida de Solteiro (1992) e Tropicaliente (1994). Essa última levou a melhor e ficou com a vaga.

Depois disso, Pecado Capital não voltou a ser anunciada pelo canal pago. Mas não estranhem se, a qualquer momento, o Viva fizer uma nova tentativa para trazê-la de volta. Outra esperança para quem quer rever a trama vem através dos resgates feitos pelo Globoplay.

Compartilhar.
Avatar photo

André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor