No meio televisivo, costuma-se chamar de barriga aquele período em que não acontece muita coisa numa novela. Isso geralmente ocorre no meio da produção, especialmente em tramas longas, com mais de 200 capítulos, fato cada vez mais raro no veículo.

Sem poder dar andamento em algumas tramas que comprometem o final da história, quem escreve a novela é obrigado a colocar entrechos que, muitas vezes, acabam irritando o público. Em alguns casos, até a audiência cai.

Vale ressaltar que o recurso é utilizado em praticamente todas as produções do gênero, então pegamos os cinco exemplos abaixo por terem ficado marcadas por isso.

Confira a lista:

Brega e Chique

Houve um momento, lá pelo meio da história, que Brega e Chique, exibida originalmente entre 1987 e 1988, começou a dar voltas em si mesma. Cassiano Gabus Mendes não podia avançar a trama principal, com a ameaça de esgotá-la.

As tramas paralelas não pareciam fortes o suficiente para render. Foi quando o autor começou a fazer uso de pequenos esquetes com a finalidade de encher linguiça.

Contudo, salvo esse período, a novela teve momentos tão bons que está liberado minimizar sua barriga.

A Viagem

Recentemente reprisada pelo Viva, A Viagem fez muito sucesso em todas as suas exibições, desde a original, em 1994. Mas é inegável que a trama de Ivani Ribeiro abusou do recurso.

“O que mais me incomodou foram as barrigas (que eu lembrava que havia, mas não que fossem tão protuberantes) e o tanto de personagens ruins e tramas aleatórias, feitas exclusivamente para encher linguiça. Entendo que, comparando com a versão original (da Tupi, de 1975-1976), foi necessário incrementar para fazer render a nova produção. Porém, são personagens fracos demais diante dos que já existiam – esses sim, fortes e interessantes”, destacou nosso colunista Nilson Xavier em sua análise final da novela.

Zazá

Fernanda Montenegro

Zazá não foi um grande sucesso da história da Globo, mas acabou tendo sua trama espichada, terminando com longuíssimos 215 capítulos. No final de 1997, a Globo solicitou mais 50 episódios a Lauro César Muniz, já que a produção da substituta, Corpo Dourado, estava atrasada.

O autor se virou como pôde, destacando, por exemplo, a vilania de Silas (Ney Latorraca), mas o público, que já não estava muito interessado pela trama, fugiu de vez, derrubando os índices de audiência.

Terra Nostra

A novela de Benedito Ruy Barbosa começou com grande sucesso, alcançando 58 pontos no Ibope da Grande São Paulo. No entanto, a trama, estrelada por Thiago Lacerda e Ana Paula Arósio, acabou cansando o público justamente por conta da barriga, o que ajudou a derrubar sua audiência.

Um fato curioso: na reprise exibida em 2019 no canal Viva, alguns telespectadores reclamaram do corte de cenas, já que foi mostrada a versão internacional.

No entanto, muita gente achou que a trama ficou menos maçante, já que foram eliminadas muitas barrigas. Essa versão foi a mesma disponibilizada no Globoplay.

Outras novelas do autor, como Pantanal e O Rei do Gado, também tiveram barrigas protuberantes, mas nada comparado a Terra Nostra.

Laços de Família

A novela de Manoel Carlos teve 209 capítulos, que pareceram durar uma eternidade. Nosso colunista Nilson Xavier abordou o tema em texto que analisou a recente reprise no Vale a Pena Ver de Novo.

“Depois de sua metade, a trama começou a desandar, com capítulos repletos de muita enrolação. Foi quase a novela inteira para Camila descobrir sua doença. Só após a decisão de Helena de engravidar novamente para salvar a filha, a novela voltou aos eixos. O pior foi Capitu, uma ótima personagem que viu sua trama esvaziada depois da revelação de que ela era prostituta. Maneco foi embromando Capitu até o final”, enfatizou.

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