Apesar de ter feito sucesso em 2022, Mar do Sertão não escapou de críticas. A história de Mário Teixeira foi alvo de reclamações por ter sido apressada demais e esgotado a trama principal muito rapidamente.

Andrea Beltrão como Zefa Leonel em No Rancho Fundo
Andrea Beltrão como Zefa Leonel em No Rancho Fundo

Parecia que o autor havia aprendido a lição com No Rancho Fundo, que imprimiu um ritmo menos afobado em seu início. Porém, dois meses depois da estreia, a história principal já parece andar em círculos. Faz um bom tempo que nada muito significativo acontece com Zefa Leonel (Andrea Beltrão) e companhia.

Para piorar, No Rancho Fundo tem uma desvantagem com relação a Mar do Sertão. Na trama de 2022, os bons coadjuvantes seguraram a novela quando a trama central se esgotou. Já a atual novela das seis não pode contar com isso.

Lição aprendida?

Em Mar do Sertão, Mário Teixeira apressou demais os acontecimentos envolvendo Candoca (Isadora Cruz), Zé Paulino (Sergio Guizé) e Tertulinho (Renato Góes). Toda a trama que os envolvia se desenvolveu rápido demais, o que não deu chance ao público de se envolver com os personagens.

Isso parecia ter sido resolvido em No Rancho Fundo, trama que trouxe de volta vários personagens da novela anterior. Toda a saga de Zefa Leonel na busca pela turmalina paraíba aconteceu num bom ritmo, sem se arrastar demais, mas também sem afobação.

Deu tempo de o público se envolver com a protagonista e sua família. A virada na vida dos Leonel Limoeiro após a pedra valiosa ter sido encontrada, portanto, serviu como uma primeira grande catarse, empolgando a audiência da novela das seis.

No entanto, já faz algum tempo que No Rancho Fundo deve novas emoções para o público. Depois que a família de Zefa se mudou para o hotel em Lapão da Beirada, a história tem andado em círculos. O fôlego da trama se esvaiu.

Marasmo

Atualmente, No Rancho Fundo se resume ao vai-e-vem do romance de Quinota (Larissa Bocchino) e Artur (Tulio Starling), além da separação de Zefa Leonel e Tico Leonel (Alexandre Nero). Decepcionada com a aproximação entre o marido e Deodora (Debora Bloch), Zefa ensaia um romance com Ariosto (Eduardo Moscovis).

Os planos de Deodora e dos outros vilões para colocar as mãos na fortuna dos Leonel empolgaram no início, mas, neste momento, todos parecem estacionados. Enquanto isso, a possibilidade de um envolvimento mais sério entre Zefa e Ariosto não empolga.

Tudo isso faz com que No Rancho Fundo passe a sensação de que nada de fato está acontecendo. Zefa e sua família ficaram ricos, se mudaram para um hotel e… nada. Não há nada verdadeiramente interessante acontecendo e o fato de eles terem ficado milionários parece cada vez mais irrelevante dentro da trama.

Erro que se repete

Ao que tudo indica, Mário Teixeira começa a repetir o mesmo erro de Mar do Sertão. Ou seja, o autor deu início a uma história empolgante, mas, agora, parece não saber bem que rumo dar a ela, dando a impressão de que a novela patina.

Mas Mar do Sertão tinha uma vantagem: os ótimos personagens coadjuvantes. Quando a trama principal se esgotou, personagens como Timbó (Enrique Diaz) e Xaviera (Giovana Cordeiro) seguravam a atenção do público com novas e divertidas situações. Mas No Rancho Fundo não conta com tal trunfo.

Caridade (Clara Moneke), por exemplo, poderia ser a nova Xaviera, mas sua história não se desenvolve. E os demais coadjuvantes não têm o mesmo apelo de um Timbó. Até mesmo Sabá Bodó (Welder Rodrigues) não segura tanto quanto em Mar do Sertão. No Rancho Fundo está numa encruzilhada.

Compartilhar.
Avatar photo

André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor