André Santana

A GloboNews reinou absoluta no segmento dos canais de notícias por mais de 20 anos. Nem mesmo os lançamentos da BandNews e da Record News abalaram as estruturas do canal do Grupo Globo, que seguiu como referência no filão.

Daniela Lima
Reprodução / Web

Mas, em 2020, a CNN Brasil, que conta com a apresentadora Daniela Lima (foto acima), foi lançada com a intenção de brigar de igual para igual com a líder. Entre altos e baixos, a franquia brasileira do canal estadunidense conseguiu fazer um certo barulho. Porém, a briga com a GloboNews durou pouco, já que a TV Jovem Pan News entrou no páreo.

O canal oriundo do rádio, em pouco tempo, alcançou grande visibilidade. Hoje, vem rivalizando com a GloboNews em horários estratégicos, obrigando a líder a se mexer. Com isso, a pergunta que não quer calar é: onde entra a CNN nesta briga? O canal de Rubens Menin já é carta fora do baralho?

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Gigante mundial

Monalisa Perrone
Reprodução / CNN Brasil

A CNN chegou ao Brasil fazendo barulho. Afinal, o selo é uma grife mundial da notícia e, portanto, sua marca já chegou com força ao país. Além disso, a campanha de lançamento do canal foi muito bem estruturada. A emissora contratou grandes nomes do telejornalismo, como Evaristo Costa e Monalisa Perrone (foto acima), e conseguiu chamar a atenção do público ainda antes da estreia.

Ao demonstrar tanta força, a CNN logo se colocou como uma rival à altura da GloboNews. Que, diga-se, até se preparou para enfrentar a nova concorrente. A mudança da programação do canal da Globo, que abriu mão de programas frios e reprises para apostar em noticiário ao vivo, coincide com a chegada da CNN Brasil.

Claro que derrubar a emissora líder, que tem quase 30 anos de trajetória, não é tarefa fácil. Tanto que a CNN teve seus destaques, mas, no geral, não chegou a se mostrar uma ameaça sólida à concorrente.

“Caçula” nervosa

Tutinha, Jovem Pan News
Divulgação / Jovem Pan News

Foi neste cenário que a Jovem Pan News de Tutinha (foto acima) surgiu. Com uma programação conhecida do público que acompanhava a rádio e o canal do YouTube da JP, o novo canal logo disse a que veio ao se colocar, ideologicamente, como o oposto das concorrentes.

Num cenário político bastante polarizado, que dividiu o Brasil entre a esquerda progressista e a extrema direita conservadora, a Jovem Pan News encontrou um espaço ao contemplar os simpatizantes desta última. Isso lhe deu uma personalidade e, consequentemente, lhe conferiu uma plateia cativa.

Assim como a CNN Brasil, a Jovem Pan também teve altos e baixos desde sua inauguração. O canal também entrou no ar fazendo barulho, se envolveu em inúmeras polêmicas e viu sua boa audiência minguar. No entanto, atualmente, a estação vem conseguindo se reerguer e voltou a ser relevante na audiência.

Polarização

Cecília Flesch
Reprodução / GloboNews

Ou seja, embora tenha sido lançada com pompa, a CNN Brasil nunca conseguiu se firmar como uma concorrente da GloboNews. Já a Jovem Pan News busca se consolidar neste lugar, e seu avanço já faz efeito. O sucesso do Jornal da Manhã e do Pânico tem feito a GloboNews reformular os matinais Em Ponto (com Cecília Flesch, na foto acima) e Conexão GloboNews.

Enquanto isso, a CNN se mostra inexpressiva no meio deste fogo cruzado. O canal vem testando novidades, como o Arena CNN, no final da tarde, e a volta de O Grande Debate na hora do almoço. Porém, nada fez grande efeito nos resultados.

Na verdade, a atual guerra de audiência dos canais de notícia nada mais é que uma representação da própria divisão política do país. Espectadores de viés progressista encontram abrigo na GloboNews (o que é curioso, já que a Globo nunca foi identificada como “de esquerda”). Enquanto isso, os conservadores veem na Jovem Pan sua porta-voz.

Havia a expectativa que a CNN Brasil seria vinculada ao bolsonarismo, por conta do posicionamento político de seu dono. Mas, na prática, a emissora sempre buscou um equilíbrio e insiste que é “isentona”. Por isso mesmo, ela não se firma na guerra de audiência, já que não contempla nenhum dos dois “lados” do atual contexto político nacional. A CNN Brasil é vítima da polarização política.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor