Um dos personagens mais queridos do humorístico A Praça é Nossa é o deputado João Plenário, interpretado pelo talentoso Saulo Laranjeira. O corrupto é uma sátira da política brasileira, que sofre com constantes casos de corrupção e personagens pitorescos.

A Praça é Nossa - Saulo Laranjeira
Reprodução / SBT

Além de ator, Saulo é locutor e apresentador. No início dos anos 2000 ele investiu em um projeto que ele próprio criou – Arrumação 2000 era uma atração exibida pela Rede Minas desde 1997, na qual ele recebia convidados e realizava esquetes de humor.

Uma condenação salgada

A Praça é Nossa - Saulo Laranjeira
Reprodução / Instagram

A produção, que aos olhos do público era mais um programa de TV, se tornou um grande problema jurídico. Em março de 2019, o Tribunal de Contas do Estado de Minas (TCE/MG) condenou o humorista a devolver R$ 341.619,69 aos cofres do governo mineiro, após o humorista receber incentivos do Estado para a realização da atração.

No voto do relator, o conselheiro José Alves Viana, ele afirma que “o órgão técnico, em exame preliminar, entendeu pela omissão deliberada do dever de prestar contas por parte do Sr. Saulo Pinto Muniz, o qual deveria ser responsabilizado por dano ao erário”.

Em busca do dinheiro

A Praça é Nossa - Carlos Alberto de Nóbrega e Saulo Laranjeira
Leonardo Nones / SBT

Saulo pediu 300 mil reais para dar andamento ao projeto, porém o Estado aprovou 100 mil reais, que foi pago em duas parcelas pela Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais).

Em matéria publicada pelo UOL, em 23 de março de 2019, foi revelado que a Cemig pagou 80 mil reais a título de incentivo fiscal e 20 mil reais em contrapartida da empresa. O Tribunal alega que o artista demorou 15 anos para prestar contas e o valor foi corrigido por conta dos juros.

“Estou pasmado com isso, sem dúvida alguma”

Saulo Laranjeira
Johnny Drum / Jovem Pan

A Primeira Câmara do Tribunal relatou que os recibos apresentados por Saulo não correspondiam à execução do trabalho que ele propôs ao captar os recursos. O comediante ficou indignado com o parecer da justiça mineira.

“É uma tempestade em copo d’água, uma coisa absurda, uma coisa que não tem lógica com a história que tenho, principalmente aqui em Minas, com o meu trabalho, a lisura que tenho e a pessoa séria que sou com toda a divulgação da cultura brasileira. Estou pasmado com isso, sem dúvida alguma”, falou Saulo ao UOL.

Na ação, o artista não tinha como recorrer; a única saída seria pagar o valor imposto pela Justiça. O comediante, que ainda trabalha na Praça com Carlos Alberto de Nóbrega, não falou mais sobre o caso.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor