Verdadeira instituição nacional, o plantão da Globo já teve diversas edições que entraram para a história, parando o país na frente da televisão. Mas uma em especial, que teve participação de Roberto Cabrini, é lembrada até hoje, por ter marcado milhões de brasileiros há exatamente 30 anos, em 1994.

Marca do plantão da Globo

No dia 1º de maio daquele ano, Ayrton Senna corria em San Marino atrás de mais uma vitória, mas o muro da curva Tamburello interrompeu sua carreira vitoriosa.

O acidente foi visto por milhões de telespectadores, que, ao longo do dia, esperavam, angustiados, notícias sobre o estado de saúde do piloto.

Plantão histórico

Às 13h40 no horário de Brasília, Roberto Cabrini entrou ao vivo durante o plantão da Globo anunciando a morte de Senna:

“A médica comunica a todos os jornalistas aqui do hospital de Bologna que Ayrton Senna da Silva está morto. Morreu Ayrton Senna da Silva. Uma notícia que a gente nunca gostaria de dar”.

Esse anúncio marcou para sempre a carreira de Cabrini. O plantão chocou a todos, trazendo uma comoção imediata.

“Ayrton Senna sempre foi um grande ídolo nacional, mas a dimensão do seu alcance talvez só tenha sido percebida naquele dia. A imprensa soube capturar bem este espírito e deu uma ampla cobertura no caso, algo também inédito – maior até do que se fosse a morte de um chefe de Estado”, diz Rodrigo França, jornalista e autor do livro Ayrton Senna e a mídia esportiva, que analisa a cobertura da imprensa na despedida de Senna.

Até hoje, a reação das pessoas ao falarem daquele plantão é de forte emoção: muitos afirmam que se emocionam mesmo após tanto tempo. Por que, mesmo depois de muitos anos do fato, o plantão causa esse impacto nas pessoas?

“É uma lembrança de algo que colocou todo mundo em choque, Ayrton Senna era parte da grande maioria da família brasileira, um integrante que estava lá no domingo de manhã vencendo o mundo: era o Brasil que dava certo na época que política, economia e até o futebol decepcionavam”, afirma França.

Brasil parou

Roberto Cabrini
Roberto Cabrini

Os dias seguintes à morte foram de intensa cobertura da imprensa. Os grandes veículos cederam um grande espaço ao ocorrido, seja no Brasil ou no mundo. Nas bancas de jornal, o rosto de Senna estampava todas as publicações, não importando qual segmento fosse.

Até o lançamento de uma novela foi adiada: Éramos Seis, do SBT, estreou na semana seguinte. Desde a morte de Tancredo Neves, a imprensa não fazia uma cobertura tão intensa e dramática.

“É um efeito interessante: ao perceber a dimensão do ídolo Ayrton Senna, a cobertura da imprensa fica ainda maior e isso aumenta a comoção ainda mais. As cenas do cortejo, do velório foram todas exibidas ao vivo e em rede nacional, era impossível estar alheio ao luto”, comenta França.

Vídeo recuperado

Por algum tempo, o plantão da morte de Senna ficou perdido e, em 2016, disponibilizei o material em meu canal no YouTube. Foi a partir da morte do Senna que comecei a criar o meu arquivo em VHS.

A memória de Senna continua mais viva do que nunca: livros, documentários, fotos e vídeos das corridas do piloto estão disponíveis para todos aqueles que assistiram as vitórias do piloto e também para os mais jovens que, mesmo nunca tendo visto ele correr, são “fãs de carteirinha”.

A história de Senna não parou na perigosa curva Tamburello, na pista de Ímola: milhões de pessoas se inspiram no piloto, em sua garra e determinação.

Agora, as conquistas estão no Instituto Ayrton Senna e o prêmio vai para milhares de crianças. Esse é o legado que Senna tanto queria deixar para todos nós.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor