A missão da Globo para preencher o espaço vago desde o fim do Sai de Baixo sempre foi muito difícil. A faixa pós-Fantástico se transformou em um grande problema para a emissora. Ao longo dos anos, foram várias tentativas, entre elas os fracassos Norma e Batendo Ponto (ambos cancelados rapidamente), a série SOS Emergência, além de realities como Jogo Duro e Hipertensão.

Tomara que Caia

Em 2015, o SuperStar, apesar de perder algumas vezes para o Programa Silvio Santos, se mostrou uma boa opção. Entretanto, com o fim da competição musical, mais uma aposta foi feita pelo canal. Era o Tomara que Caia, que estreou no dia 19 de julho de 2015, com direito a participação especial de Anitta (na foto acima, em Amor de Mãe). No entanto, o que parecia uma excelente ideia foi um dos grandes micos do ano.

A atração, antes mesmo de estrear, contou com inúmeras chamadas que criavam várias dúvidas a respeito da identidade do formato. Afinal, era game ou humor? A pergunta já era uma dica sobre o conteúdo do programa, que misturava as duas características e transformava o público em protagonista.

Interatividade

Tomara que Caia

A cada semana, o elenco se dividia em dois times de quatro pessoas, onde um era o espelho do outro. Ou seja, o ator X de um grupo interpretava o mesmo personagem do ator Y da equipe rival. A mesma cena tinha que ser interpretada pelos dois quartetos e era o telespectador o responsável pelos momentos de substituição – quando um grupo não está agradando, era feita uma votação por meio de um aplicativo no celular (parecido com o esquema do SuperStar), onde estavam disponíveis as opções “Tomara que caia” ou “Tomara que fique”.

No início, Heloísa Périssé, Daniele Valente, Eri Johnson e Ricardo Tozzi formavam uma equipe, enquanto Fabiana Karla, Priscila Fantin, Nando Cunha e Marcelo Serrado compunham a outra. Todos atuavam em uma espécie de cenário e diante de uma plateia – nos mesmos moldes do Sai de Baixo e Vai que Cola.

A ‘inspiração’ no Quinta Categoria (da extinta MTV Brasil) era clara, afinal, a ideia era improvisar ao vivo e usar as interferências do público.

Não rolou

Porém, ao contrário do antigo programa, havia um roteiro a ser seguido e os dois grupos seguiam a mesma história. Aliás, embora a questão da improvisação tenha sido enfatizada várias vezes, os atores ensaiavam as cenas antes e ficava explícito que todo o texto era decoradinho. As únicas mudanças ocorriam realmente quando as ‘trollagens’ eram colocadas para que as cenas sofressem modificações esdrúxulas. Havia também umas participações rápidas da Cia Barbixas de Humor.

Resumindo: a atração tinha uma boa proposta (colocar atores protagonizando histórias que poderiam ser alteradas pelo público de casa e plateia presente). Entretanto, a mesma foi pessimamente executada.

Tomara que Caia

Os roteiros eram fracos, as piadas sem graça e quase todo o elenco evitava o improviso, o que deixava o produto sem a necessidade do ‘ao vivo’. Os únicos improvisos eram ‘programados’ através dessas ‘trollagens’, sem um pingo de comicidade. Os poucos intérpretes que conseguiram destaque positivo foram Fabiana Karla e Heloísa Périssé.

A escolha do elenco foi equivocada e para culminar os atores foram sendo desligados a cada domingo, até chegar o dia em que apenas Eri Johnson restou no time.

Na estreia, a emissora registrou 12,9 pontos no Ibope na Grande São Paulo. Posteriormente, esses índices foram caindo, chegando a nove. Após diversas mudanças, incluindo o fato de passar a ser gravado previamente, o programa deixou a grade da Globo no dia 1º de novembro de 2015 para nunca mais voltar – e já foi tarde.

Compartilhar.
Avatar photo

Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor