O Brasil se comoveu no dia 20 de julho de 1989, quando um ator que estrelou diversas novelas da Globo, incluindo a primeira versão de Elas por Elas (1982), perdeu uma intensa batalha contra a Aids. Na trama de Cassiano Gabus Mendes, ele viveu Gil, que no atual remake virou Giovanni, interpretado por Filipe Bragança.

Lauro Corona
Lauro Corona (Reprodução / Web)

Estamos falando de Lauro Corona, que nos deixou com apenas 32 anos. Poucos meses antes, ele foi obrigado a deixar Vida Nova, novela das seis da Globo, pela metade, para intensificar seu tratamento.

Na época da morte do ator, a família negou que a Aids fosse a causa do óbito. À Folha de S.Paulo, o médico Carlos Alberto Morais de Sá, especialista no tratamento da doença, disse que foi proibido pela família de falar sobre o assunto.

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“Graças a Deus”

Gloria Pires e Lauro Corona
Gloria Pires e Lauro Corona em Direito de Amar (Divulgação / Globo)

No velório, a mãe de Lauro, Maria Alice del Corona, e o pai, o músico e cantor francês André Louis Burglin, se negaram a falar com a imprensa.

Segundo a Folha, Maria Alice disse à então diretora de elenco da Globo, Guta Mattos, que deu “graças a Deus” quando o filho morreu.

“Ele estava sofrendo muito”, declarou a amiga.

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Polêmicas no velório e no enterro

Carlos Augusto Strazzer e Maitê Proença
Carlos Augusto Strazzer e Maitê Proença

Outra polêmica partiu do ator Carlos Augusto Strazzer, que alguns anos mais tarde também morreria por conta da doença. Ele culpou os jornalistas pelo que aconteceu com o colega.

“Repórteres e editores devem por as mãos na consciência. [Reportagens sobre a doença do ator] o abalaram de tal forma que ele teve seu estado agravado”, pontuou.

No enterro, quando o caixão descia à sepultura, a mãe do ator se revoltou e atacou, em voz alta, os fotógrafos, cinegrafistas e repórteres presentes.

“Agora vocês vão ter que arrumar outro palhaço”, disparou.

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Ator abandonou novela pela metade

Lauro Corona em Vida Nova
Lauro Corona em Vida Nova

Na reta final de Vida Nova, novela das seis exibida entre novembro de 1988 e maio de 1989, Benedito Ruy Barbosa teve que pensar em novos rumos para a história após a saída do protagonista vivido pelo ator Lauro Corona, que lutava contra as complicações causadas pela Aids.

Na história, Manoel Vitor parte para uma viagem sem volta. Em sua última cena, o personagem se afasta por uma rua escura, durante uma noite chuvosa, declamando em off, com sotaque português, um texto do escritor Fernando Pessoa, numa sequência emocionante.

Os personagens vividos por Giuseppe Oristânio e Patrícia Pillar se transformaram nos principais personagens de uma hora para outra e a trama foi levada até o final da forma como foi possível.

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Thais Milena é uma jornalista formada apaixonada pela história da televisão brasileira e pelo universo dos famosos. Com conhecimento e entusiasmo, se dedica a compartilhar informações, curiosidades e análises sobre os bastidores da televisão, os programas icônicos e os artistas renomados do Brasil. Através do trabalho, busca entreter e informar seus leitores, levando-os a uma viagem pelos momentos marcantes e pelas personalidades que influenciaram a cultura televisiva do país.