André Santana

Marighella, filme de Wagner Moura estrelado por Seu Jorge, vai virar minissérie na programação da Globo. A emissora dividirá o longa-metragem em quatro capítulos e o exibirá em breve.

wagner moura

Segundo informações do site Memória da TV, os quatro capítulos de Marighella serão exibidos pela Globo entre 15 e 18 de novembro. O horário, no entanto, não será dos mais convidativos: a minissérie irá ao ar nas madrugadas, depois de Verdades Secretas 2.

Além de Seu Jorge, que vive o personagem-título, Marighella conta com as participações de Adriana Esteves, Bruno Gagliasso, Herson Capri e Humberto Carrão. O lançamento do filme do Brasil foi cercado de polêmicas, já que o diretor Wagner Moura afirmou que seu filme sofreu censura do Governo Federal.

Polêmica

Seu Jorge e Wagner Moura em Marighella

O filme de Wagner Moura conta a história de Carlos Marighella, um ex-deputado e guerrilheiro de esquerda que lutou contra a ditadura militar nos anos 1960. Ao participar da luta armada contra a repressão, Marighella acabou morto. Por conta da temática, o filme acabou recebendo inúmeras críticas de militantes de direita, incluindo aí os integrantes do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Toda a polêmica envolvendo Marighella começou quando o filme encontrou dificuldades para estrear no país. Mesmo finalizado em 2019, o longa só ganhou os cinemas brasileiros em 2021. Antes disso, o filme já havia feito uma bela carreira internacional, estreando no Festival de Berlim, em 2019.

Seu Jorge e Wagner Moura em Protesto pelo Marighella

Após sua estreia e seu sucesso no mercado internacional, Marighella não conseguia ser lançado no Brasil. A O2 Filmes, produtora do longa, e a Ancine (Agência Nacional de Cinema), tiveram atritos que culminaram com a suspensão do lançamento do filme em terras brasileiras.

Wagner Moura, então, entendeu que estava sendo vítima de censura e fez duras críticas ao governo federal.

“Não tenho a menor dúvida de que o filme foi censurado”, disse o diretor, durante a entrevista coletiva de lançamento do filme.

“Era uma época na qual Bolsonaro falava em filtrar e regular a Ancine. O Crivella [ex-prefeito do Rio de Janeiro] cancelou HQs de dois personagens homens beijando na boca, os filhos do presidente comemoram”, relembrou o ator.

“Durante 18 anos, a Ancine lutava ao lado dos produtores. Há dois, ela foi desmontada, e isso já é uma forma de censura. Tiraram a antiga diretoria e colocaram outra que não ajuda. Não foi possível resolver alguns problemas corriqueiros de produção por censura. Teve censura, sim. A todos os filmes brasileiros, não apenas contra Marighella”, concluiu Moura.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor