André Santana

Quem diria que um programa de estética cafona, que trazia famosos fantasiados cantando no palco, poderia dar certo? A estreia de The Masked Singer Brasil na Globo, em agosto de 2021, mostrou que sim. Lançado nas noites de terça-feira, o reality apresentado por Ivete Sangalo mobilizou o público e se tornou um dos êxitos da emissora naquele ano, virando uma espécie de “galinha dos ovos de ouro”.

The Masked Singer Brasil - Ivete Sangalo
Divulgação / Globo

Transferida para as tardes de domingo, a atração também não fez feio entre janeiro e abril de 2022. No entanto, a terceira temporada não demonstra o mesmo fôlego de suas antecessoras. A competição musical bizarra da Globo estreou em 2023 na vice-liderança, mostrando que pode ter perdido o encanto.

Sucesso surpreendente

The Masked Singer Brasil - Priscilla Alcântara
Divulgação / Globo

O êxito do The Masked Singer Brasil surpreendeu até a própria Globo. Sua primeira temporada, exibida em horário nobre, deu tão certo que a emissora enxergou ali uma poderosa arma para os seus domingos. Com isso, lançou a segunda edição praticamente às pressas, no novo horário.

A mudança se justificava porque a Globo precisava tapar o buraco de suas tardes de domingo. No ano passado, o canal não renovou os direitos de transmissão dos campeonatos estaduais de futebol. Com isso, havia um espaço vago na grade. E mais: havia o risco de fuga de público, já que os estaduais foram adquiridos pela concorrência.

Ou seja, não dava para “confiar” nos filmes da sessão Campeões de Bilheteria, o “curinga” oficial da Globo no horário. O canal sabia que precisava de algo forte e capaz de manter intacta sua liderança na audiência. The Masked Singer se mostrou a melhor opção.

Repercussão

The Masked Singer Brasil - Ivete Sangalo
Divulgação / Globo

Além dos bons números, a Globo conseguiu excelente repercussão com The Masked Singer Brasil. Nas redes sociais, os espectadores faziam apostas sobre quem eram os famosos debaixo das fantasias do programa.

Ou seja, o canal conseguiu, com a atração, alto engajamento. A imprensa especulava possíveis nomes, enquanto o público tentava seguir as pistas dadas nos episódios. O espectador realmente se envolveu na disputa.

Queda

Sabrina Sato em The Masked Singer Brasil
Divulgação / Globo

Mas a estreia da nova temporada não repetiu tamanho frisson. Além da repercussão não ter sido a mesma de antes, a audiência também deixou bastante a desejar. O programa comandado por Ivete Sangalo não conseguiu segurar a liderança de audiência e ficou atrás da Record, que exibia uma partida do Campeonato Paulista.

Com o clássico Palmeiras x Corinthians, a Record alcançou 11,1 pontos de média no Kantar Ibope Media. Já a estreia do The Masked Singer Brasil registrou 9,3. Um cenário bem diferente do ano anterior, quando o talent show estreou com 14,1 de audiência, contra 7,6 da transmissão do Paulistão pela Record, com o jogo Palmeiras x Novorizontino.

O fato de, neste ano, o The Masked Singer ter encarado um clássico do futebol em sua estreia ajuda a explicar a queda de audiência. Mas a repercussão do lançamento do programa da Globo também não foi das melhores. Desta vez, parece que parte do público optou por não entrar na brincadeira.

Ou seja, The Masked Singer Brasil pode ter perdido o encanto. O “fator novidade” pode ter ajudado as duas primeiras temporadas a envolver os espectadores. Mas, desta vez, tudo soa como uma grande repetição.

Compartilhar.
Avatar photo

André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor