Produzida pelo SBT em 2006, Cristal entrou no ar com a missão de revitalizar a teledramaturgia da emissora de Silvio Santos. Na época, as adaptações mexicanas do canal vinham perdendo fôlego e sucumbindo diante das novelas da Record, que viviam uma de suas melhores fases.

Cristal - Bianca Castanho
Reprodução / SBT

A investida não deu certo. Cristal não correspondeu às expectativas e até foi encurtada, saindo do ar antes do previsto. Porém, quase 17 anos depois de sua exibição original, a trama tem se saído melhor que a encomenda.

Em tempo de vacas magras, os índices da reprise do SBT têm feito a diferença na média do canal.

Audiência vespertina

Cristal - Marisol Ribeiro
Reprodução / SBT

O público que acompanha a programação vespertina do SBT caiu consideravelmente nos últimos anos. Raramente, programas como Casos de Família e Fofocalizando conseguem alcançar resultados maiores que 3 pontos no Ibope.

Por isso, o desempenho da reapresentação de Cristal chamou bastante a atenção na última semana. Na terça-feira (3), por exemplo, o folhetim dirigido por Herval Rossano anotou 4 pontos de média, de acordo com dados do Kantar Ibope Media divulgados pelo site RD1.

Já na quarta-feira (4), a reprise de Cristal foi ainda melhor, com 4,6 pontos. Foi a novela mais vista das tardes do SBT no dia, à frente de Pequena Travessa (3,9), A Dona (4,2) e Vencer o Desamor (4,3). Nada mal.

Fracasso histórico

Cristal - Bianca Castanho e Dado Dolabella
Reprodução / SBT

Cristal foi produzida num momento decisivo para o SBT. A estação havia perdido bastante público na concorrência com a Record, que, na mesma época, investia pesado na programação com sua estratégia “rumo à liderança”. Os Ricos Também Choram (2005), a produção anterior do canal de Silvio Santos, foi um fracasso.

Com isso, a emissora apostou fundo em Cristal, cuja história já era bastante conhecida do público do SBT, que exibiu a versão mexicana O Privilégio de Amar (1998) pouco tempo antes. Mas, para fazer frente a Record, que vinha injetando um bom dinheiro na produção de novelas, Silvio Santos resolveu tirar o escorpião do bolso.

Sua estratégia foi trazer para os seus domínios dois dos responsáveis pelo sucesso de A Escrava Isaura (2004) na Record: a autora Anamaria Nunes e o diretor Herval Rossano. O orçamento da novela também subiu: de R$ 70 mil por capítulo para R$ 190 mil. A ideia era fazer algo mais caprichado.

No entanto, o investimento pesado não se converteu em audiência. A trama até estreou bem, com 9 pontos de média, mas logo despencou. Sua média final foi de 6 pontos, num momento em que o SBT esperava, pelo menos, 10 de média.

Reprise da reprise

Cristal - Bárbara Paz e Rafael Miguel
Reprodução / SBT

Mesmo com o fracasso, Cristal foi reprisada pelo SBT em 2011. Mas o repeteco também não se mostrou muito eficiente, com média de apenas 4 pontos, o que era considerado baixo naquele tempo.

Já a segunda reprise, que começou em setembro do ano passado, demorou a engrenar. Mas, na reta final, tem experimentado um crescimento em seu desempenho, alavancando o horário.

Agora, o que atravanca a grade do SBT é Casos de Família e Fofocalizando, que não sustentam a boa audiência recebida.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor