André Santana

Há 10 anos, o SBT começava a apostar pesado no segmento das novelas infantis. A versão brasileira de Carrossel foi um êxito tão grande que o canal de Silvio Santos seguiu investindo no nicho, emplacando um sucesso atrás do outro. Porém, o sucesso não se manteve com Poliana Moça, atual cartaz do canal.

Poliana Moça

A continuação de As Aventuras de Poliana (2018) não conseguiu encantar o público como suas antecessoras e amarga baixos índices de audiência desde a estreia. Enquanto tramas como Chiquititas (2013), Cúmplices de um Resgate (2015) ou Carinha de Anjo (2016) batiam fácil nos dois dígitos de audiência, Poliana Moça estacionou nos seis ou sete pontos.

Pior: completando nove meses de exibição, a trama assinada por Iris Abravanel demonstra perder fôlego a cada dia. Tanto que, há oito semanas, o folhetim infantil não consegue ultrapassar os seis pontos na média semanal. Resultado bem distante de sua primeira temporada, As Aventuras de Poliana, que foi um sucesso.

Trama problemática

Poliana Moça - Dalton Vigh e Sophia Valverde

Uma série de fatores explica o parco desempenho de Poliana Moça. Um deles é a própria situação do SBT, que vive uma crise de audiência sem precedentes. A perda de público se reflete em todos os horários e afeta até mesmo suas novelas infantis.

Porém, o maior problema de Poliana Moça é mesmo sua trama. A novela não conseguiu atingir o público-alvo da mesma maneira que suas antecessoras conseguiram. Isso porque a trama parece não ter um alvo muito bem definido, o que a deixa pouco atrativa.

Pinóquio e Roger - João Pedro delfino e Otávio Martins - Poliana Moça

Poliana Moça tinha a proposta de narrar a adolescência de Poliana (Sophia Valverde) e trazia os personagens de As Aventuras de Poliana três anos mais velhos. Ou seja, saíram as crianças e entraram os adolescentes. Toda a embalagem da trama remetia a uma história voltada aos teens.

Mas, na prática, Poliana Moça narrava mesmo uma estranha história envolvendo robótica e uma versão do Pinóquio (João Pedro Delfino). Ou seja, a trama central era bastante infantil. Esta estranha mistura entre trama infantil e juvenil deixou a novela sem foco. Nem o público infantil e nem o adolescente se interessou pela proposta.

Continuações em xeque

Camila Queiroz

A Globo obteve um péssimo desempenho ao exibir Verdades Secretas 2, continuação de uma novela de 2015. Agora, é o SBT que pena ao apostar na continuação de As Aventuras de Poliana. Ou seja, fica claro que investir em continuações de novelas de sucesso não é um bom negócio.

O canal de Silvio Santos descobriu isso da pior maneira possível, já que Poliana Moça se tornou um ponto fora da curva na trajetória de sucessos que o canal emplacou nos últimos dez anos. Vamos ver se A Infância de Romeu e Julieta, próxima novela infantil da emissora, terá mais sorte.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor