André Santana

A Globo está sorrindo de orelha a orelha com o BBB 23. Afinal, o reality show apresentado por Tadeu Schmidt já havia batido seu recorde de faturamento ainda antes da estreia, ultrapassando a marca de 1 bilhão de reais e 17 anunciantes.

BBB 23 - Tadeu Schmidt
Reprodução / Globo

Mas nem tudo são flores… Ao mesmo tempo em que encontra o cofrinho cheio, a Globo encara uma plateia mais esvaziada. Até aqui, o BBB  23 acumula a pior média de audiência de sua história.

Números em queda

Travessia - Lucy Alves
Reprodução / Globo

Segundo dados do Kantar Ibope Media divulgados pelo portal NaTelinha, os primeiros episódios do BBB 23 somam a pior média de audiência de todos os tempos. No arredondado, o programa tem apenas 19 pontos na Grande SP.

No entanto, a Globo avaliou que o reality show tem obtido boa repercussão e, por isso, tem condições de decolar. Além disso, o canal considera que o fraco desempenho de Travessia ajuda a derrubar os índices do BBB.

Porém, ao que parece, a culpa não é da novela. Afinal, mesmo quando a trama de Gloria Perez consegue bater seu próprio recorde, o BBB23 se mantém em baixa. Dias importantes, como de Prova do Líder e Eliminação, estão longe de alcançar números grandiosos.

Faturamento em alta

Bruna Griphao, BBB23
Reprodução / Globo

O BBB 23 vem batendo recordes negativos, mas ao menos sua conta está no azul. Desde 2020, quando conseguiu reverter sua tendência de queda ao apostar em famosos no elenco (e também por conta da pandemia de Covid-19, que fez muita gente ficar em casa assistindo ao programa), o reality show vem atraindo mais e mais anunciantes.

O programa sempre foi um sucesso comercial. Mas, nos últimos três anos, ele cresceu ainda mais neste sentido, batendo recordes atrás de recordes. Tanto que as ações comerciais dentro da atração cresceram consideravelmente. Quarto do líder, almoço do anjo, prova Bate e Volta… São várias as novidades patrocinadas que foram implementadas nas últimas edições.

Ou seja, mesmo com a audiência em queda, a Globo não tem motivos para desanimar com o BBB. Pelo contrário. Os 17 anunciantes conquistados ainda no ano passado, que fizeram o programa arrecadar mais de R$ 1 bilhão antes da estreia, garantem a satisfação do canal com seu produto.

Televendas

BBB 23 - Tadeu Schmidt
Divulgação / Globo

Apesar do êxito comercial, a Globo deve ficar atenta ao futuro de seu principal reality show. Afinal, cabe questionar até que ponto o excesso de anunciantes influi na audiência da atração.

O BBB empolgou nos últimos anos, é verdade. Mas também choveram reclamações à falta de novidades ou de “emoção” nas provas. A prova Bate e Volta, por exemplo, era sempre igual. Só mudava o anunciante.

Até mesmo a prova do Líder ficou mais enfadonha. Para deixar a marca exposta o maior tempo possível, a produção do BBB vem apostando em jogos mais vagarosos, que não despertam grande torcida. Os tempos de dinâmicas engenhosas ficaram para trás.

Com isso, a Globo vai, cada vez mais, transformando o BBB num programa de televendas. Dá a impressão que o canal só está preocupado em vender, sem se dedicar muito no conteúdo que é apresentado. Assim, sem um formato atrativo, a tendência é que o público continue fugindo da atração.

E é aí que o bicho pega! Afinal, se a audiência cair, o interesse do anunciante será o mesmo nos próximos anos? Audiência e anunciantes são os dois lados de uma mesma moeda. Não dá pra “escolher” apenas um lado.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor