A fama é uma estrada de mão dupla. Assim como traz oportunidades, riqueza e admiração de milhões de pessoas, pode causar muita dor de cabeça. Antonio Fagundes sabe muito bem como é isso…

Antonio Fagundes

Um dos maiores atores da nossa televisão, Fagundes tornou-se um símbolo sexual e um dos artistas mais admirados pelo público através de inúmeros trabalhos, como Dancin’ Days (1978), Champagne (1983), Vale Tudo (1988) e Renascer (1993).

No entanto, muitas vezes seus fãs passaram dos limites, incomodando o descanso do ator.

Em 1996, Antonio Fagundes deu vida a Bruno Mezenga, em O Rei do Gado, um grande sucesso da Globo e um verdadeiro fenômeno da década em questão. Numa época em que o celular era artigo de luxo, o telefone fixo era o meio que se usava para conversar.

E ter o número de telefone de qualquer pessoa era simples: você encontrava na lista telefônica…

Ligações sem fim

O Rei do Gado

O ator chegou a receber em um único dia 92 ligações de desconhecidos e pessoas que ele nunca tinha ouvido falar. Isso, claro, irritava Fagundes profundamente.

“Se o telefone da minha casa toca, imagino que seja alguém com quem eu queira falar. Se não, torna-se uma coisa autoritária. Liga alguém que não conheço, para quem não dei o meu número, e eu tenho que falar? Adoro o trabalho do Marlon Brando, mas, se me dessem o telefone dele, eu jamais ligaria. Não sei se ele gostaria de falar comigo e nem se ele é legal”, contou ao O Globo.

Inúmeras vezes, o ator acionou a Telesp (Telecomunicações de São Paulo), operadora de telefonia da época, para pedir que mudassem o número de seu telefone.

A comunicação com colegas e produtores da novela era via fax. Ligações, somente de familiares.

Autógrafo no velório

Antonio Fagundes

O assédio a Fagundes não ocorria apenas por telefone. Em hospitais e enfermarias, muitos lhe pediam autógrafo. E, até mesmo em velório, ele não tinha paz.

“Algumas manifestações me desagradam profundamente. Já tive que sair de um velório cercado pela polícia; tem gente que pede autógrafo sem nem saber quem você é. Não acho que esse seja o lado bom da profissão. Bom é saber que as pessoas acompanham o que você fez, que saem de casa para ir ao teatro ou ao cinema para te ver, que se lembram de quatro ou cinco trabalhos seus”, declarou o ator.

O tempo passou e a forma de comunicação também. O ator, que hoje tem 73 anos, usa suas redes sociais para mostrar sua vida, dar dicas de livros, relembrar sua carreira e ter um contato próximo com seus fãs, que podem mandar mensagens à vontade, mas com moderação.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor