Em 1990, a Globo completava 25 anos no ar com o slogan: “não tem pra ninguém, a Globo 90 é nota 100”. Por ironia do destino, a emissora carioca teve problemas justamente nessa ocasião graças ao grande sucesso que entrava no ar pela Manchete, Pantanal, que conquistou o público e trouxe fortes dores de cabeça para sua rival.
A grade da Globo sofreu demais com a história de amor entre Juma e Jove. TV Pirata, programa de humor inovador, foi uma das vítimas.
A atração entrou no ar em 1988 e trouxe aos telespectadores uma forma inovadora de fazer um humorístico, debochando da programação da televisão da época, da política e dos costumes. Luiz Fernando Guimarães, Regina Casé, Marco Nanini, Deborah Bloch, Ney Latorraca, entre outros, faziam parte do elenco da produção.
Em 1990, o TV Pirata batia de frente com a novela de Benedito Ruy Barbosa. O humor arrojado e sarcástico não foi páreo para a trama da emissora da família Bloch.
O programa, que dava 35 pontos no Ibope, despencou para apenas 15 na audiência. Mesmo fazendo piadas da rival, com esquetes como Matagal e Bacanal, o tombo foi feio.
Guel Arraes, que na época dirigia o programa, foi sincero em falar do fracasso do humorístico.
“A disputa revelou o caráter elitista do programa. Ele não serve para se contrapor a uma novela”, desabafou à Folha de S. Paulo.
Na visão do diretor, o ideal seria passar a atração para a faixa das 22h30, mas a emissora de Roberto Marinho jamais aceitaria, já que a produção era a mais cara da linha de shows da casa.
Outros programas extintos
Com o início do horário político e da Copa do Mundo da Itália, o TV Pirata foi extinto, apenas voltando em alguns especiais da Terça Nobre, em 1992.
Não foi apenas este programa que se deu mal: outros também sofreram, como a primeira versão do Linha Direta, extinto em junho, e o tradicional Chico Anysio Show, que saiu do ar em agosto daquele ano.
O desastroso Plano Collor também contribuiu para agravar a crise na linha de shows da Globo. Nada segurava o Pantanal.
Até mesmo Kevin Costner e Sean Connery, astros do filme Os Intocáveis, exibido no dia do aniversário da emissora, em 26 de abril, tomaram uma surra da Manchete.
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Sensualidade
Foi quando uma nova novela entrou no ar: Araponga, que começava logo que a trama das 20 horas, Rainha da Sucata, terminava. Aliás, a trama de Silvio de Abreu usava e abusava da sensualidade de atrizes como Cláudia Raia para tentar segurar o público.
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Mesmo com Tarcísio Meira, Christiane Torloni e Luísa Brunet, Araponga, trama de Dias Gomes, foi um verdadeiro fiasco no Ibope.
Em seguida, outra tentativa foi lançar a minissérie Riacho Doce, com Vera Fischer e Carlos Alberto Riccelli. No entanto, nem as cenas sensuais com o belo visual do arquipélago de Fernando de Noronha deram resultado.
Agora, em 2022, a Globo estreia o remake de Pantanal. A aposta é fortalecer o horário das nove, abalado com os recentes contratempos enfrentados por tramas como Amor de Mãe e Um Lugar ao Sol, usando o mesmo produto que mais lhe deu dor de cabeça na história.