Desde que estreou na Netflix, no dia 25 de janeiro, a série Todo Dia a Mesma Noite tem sensibilizado o público. A obra é baseada no incêndio da Boate Kiss, que aconteceu no dia 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria (RS).

Paola Antonini
Reprodução / Netflix

O enredo da trama, que foi inspirada no livro homônimo de autoria de Daniela Arbex, mostra a luta por justiça dos pais de 242 vítimas fatais da tragédia.

O acidente também deixou outras 636 pessoas feridas e a série mostra a vida de algumas delas. Para interpretar uma das sobreviventes, a produção da obra optou por utilizar uma modelo amputada no papel.

Perda da perna em acidente

Modelo Paola Antonini
Reprodução / Redes Sociais

Paola Antonini, modelo e ativista pela causa das pessoas com deficiência física, fez a sua estreia como atriz em Todo Dia a Mesma Noite. Na produção, ela dá vida à sobrevivente Grazi.

A estreante, que hoje tem 27 anos de idade, perdeu a perna esquerda em um acidente de carro quando tinha apenas 20. No dia 28 de dezembro de 2014, quase dois anos após a tragédia de Santa Maria, Paola estava indo viajar para Búzios com o então namorado Arthur, para passar a virada de ano.

Um motorista de 24 anos, alcoolizado, abaixou para pegar o celular e perdeu o controle do veículo, atingindo o automóvel do casal. O namorado de Paola teve ferimentos leves, enquanto ela ficou presa entre os carros e teve que amputar a perna.

Após o acidente, a modelo se tornou símbolo de inspiração e luta para muitas mulheres com histórias semelhantes.

“Antes e depois! 7 anos de intervalo entre essas fotos e tanta coisa mudou! Só consigo agradecer imensamente a Deus por essa chance de viver e por esse propósito tão lindo! Honrada de ter sido escolhida por Ele!”, disse em publicação no Instagram sete anos após o fato.

Estreia como atriz

Todo Dia a Mesma Noite
Reprodução / Netflix

Paola, que em 2020 fundou um instituto que leva o seu nome para proporcionar acessibilidade e mobilidade a crianças e adolescentes com deficiência, falou para o portal Metrópoles sobre a sua estreia como atriz.

“Eu sabia que estava contando uma história muito relevante. Ser uma pessoa amputada foi uma escolha importante para mostrar a realidade de como é perder uma parte do seu corpo e a recuperação”, disse.

A atriz, que tem um ponto em comum com a sobrevivente – o fato de não ter uma das pernas -, confessou que precisou mergulhar na história para viver a personagem, que além do membro, também perdeu amigos na tragédia.

“Foi uma super responsabilidade. Mas estudei bastante e fiz uma preparação intensa com a preparadora de elenco, Helena Varvaki, para chegar a essas emoções”, afirmou na mesma entrevista.

Realidade e ficção

Todo Dia a Mesma Noite
Reprodução / Netflix

Na madrugada do dia 27 de janeiro de 2013, uma das bandas que se apresentou na casa noturna utilizou dispositivos pirotécnicos com efeito visual. As fagulhas atingiram o teto da boate, o que deu início ao incêndio.

Na confusão causada pelo desespero, em meio à fumaça que dominou o local, muitas pessoas não conseguiram sair, enquanto outras foram pisoteadas.

Todo Dia a Mesma Noite (foto acima) mostra as histórias das pessoas afetadas pelo acidente, dos mais variados pontos de vista. O trabalho das equipes de resgate, a vida dos sobreviventes e a negligência dos empresários da boate.

Além dos pontos citados, a produção também procurou buscar a representatividade. Por isso, optar por uma atriz amputada para dar vida a uma sobrevivente na mesma condição.

“A gente fala muito sobre representatividade e o quão importante é ter atores com deficiência atuando no cinema, na televisão. O fato de a série trazer uma pessoa que realmente perdeu a perna é muito marcante”, finalizou Paola Antonini.

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Inquieto e ansioso desde 1987, Jônatas Mesquita é jornalista e viu o TV História dar os primeiros passos, das viagens regadas a tubaínas e FIFA à audiência europeia. Vive em Lisboa e não precisa de dublagem para assistir às novelas portuguesas Leia todos os textos do autor