André Santana

Em Terra e Paixão, Antônio La Selva (Tony Ramos) já se mostrou um homem amargo, ambicioso, cruel e implacável. O poderoso empresário do agronegócio já mandou matar quem atravessasse seu caminho e quase dizimou toda a família de Aline (Barbara Reis) logo no primeiro capítulo.

Terra e Paixão - Gloria Pires e Tony Ramos
Tony Ramos (Antônio) e Gloria Pires (Irene) em Terra e Paixão (Manoella Mello / Globo)

No entanto, ao que tudo indica, o malvado deve se redimir ao longo da trama de Walcyr Carrasco, escrita também por Thelma Guedes. Com isso, ele repetirá a trajetória de José Clementino, primeiro malvado vivido por Tony Ramos, na novela Torre de Babel (1998).

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Malvado em recuperação

Tony Ramos e Cauã Reymond em Terra e Paixão
Tony Ramos e Cauã Reymond em Terra e Paixão (divulgação/Globo)

Antônio é um dos grandes vilões de Terra e Paixão. O patriarca dos La Selva nunca demonstrou amor por nenhum de seus filhos, principalmente Caio (Cauã Reymond), a quem culpa pela morte de sua primeira esposa, Agatha (Eliane Giardini). Ele também já mandou matar Isabel (Yasmin Gomlevsky), seu irmão e outros tantos desafetos.

No entanto, está previsto um arco de redenção ao personagem de Tony Ramos. De acordo com o portal Notícias da TV, a sinopse original da novela das nove da Globo indicava que, no final da trama, Antônio e Caio fariam as pazes e passariam a tocar o negócio juntos. Isso aconteceria depois que ele descobrisse que Agatha sabia que corria risco de vida com sua gravidez, e que foi ela quem tomou a decisão de levá-la adiante.

Porém, o autor Walcyr Carrasco tem feito mudanças na história e tratou de “ressuscitar” Agatha (Eliane Giardini). Com isso, a paz entre Antônio e Caio será antecipada. Ao ver a ex-mulher viva, o malvado pedirá perdão ao filho e os dois iniciarão uma nova relação.

Apesar da mudança na trama, o arco de redenção de Antônio deve ser mantido. Após perdoar Caio, o fazendeiro deve passar por uma transformação e, aos poucos, se arrepender de seus erros e crimes.

História que se repete

Tony Ramos em Torre de Babel
Tony Ramos como José Clementino em Torre de Babel (divulgação/Globo)

Caso Antônio se torne uma pessoa melhor em Terra e Paixão, o personagem repetirá a trajetória de José Clementino da Silva, personagem que Tony Ramos viveu em Torre de Babel. Na época, o tipo violento chocou o público, que estava habituado a ver o ator interpretando bons moços.

Logo na primeira cena de Torre de Babel, Clementino surge enfurecido matando a esposa a golpes de pá, após flagrá-la o traindo. O depoimento de seu patrão, o empresário César Toledo (Tarcísio Meira), é decisivo para que o pedreiro fosse condenado à pena máxima e amargasse 20 anos na prisão. Ali, ele planeja uma grande vingança contra o inimigo.

A ideia de Clementino é deixar a cadeia e explodir o Tropical Tower Shopping, grande empreendimento de César. No entanto, antes de colocar seu plano em prática, ele se aproxima de Clara (Maitê Proença), cunhada de César, e acaba se apaixonando. O amor por ela o transforma num homem melhor, e ele desiste de sua vingança.

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Rejeição

Tony Ramos como Olavo em O Sétimo Guardião
Tony Ramos como Olavo em O Sétimo Guardião (reprodução/Globo)

Na época de Torre de Babel, muitos atribuíram a redenção de Clementino ao fato de parte do público não ter gostado de ver Tony Ramos como um assassino violento. No entanto, não foi bem assim, já que sempre esteve nos planos do autor Silvio de Abreu redimir o personagem a partir de seu encontro com Clara, que também era uma mulher sofrida – mais adiante, descobria-se que ela fora abusada por anos pelo pai adotivo.

Mas, independentemente dos planos do autor, fato é que a Globo demorou a entregar outro vilão para Tony Ramos. Ele só reapareceu malvado em cena em 2005, na minissérie Mad Maria, em que interpretou Percival Farquhar.

Porém, nos últimos anos, vilões têm se tornado mais comuns na carreira de Tony. Tanto que ele também viveu um malvado em sua novela anterior, O Sétimo Guardião (2018), em que encarnou o vilão Olavo. Ele também viveu personagens de caráter duvidoso em Guerra dos Sexos (2012) e A Regra do Jogo (2015), entre outros trabalhos.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor