Chocolate com Pimenta segue fazendo sucesso no comecinho das tardes da Globo. Mas já começa a ventilar nos bastidores da emissora a provável substituta desse sucesso escrito por Walcyr Carrasco, exibida originalmente entre 2003 e 2004, na faixa das seis da Globo.

Jorge Fernando

Ao que tudo indica, a faixa de Edição Especial deve continuar apostando em folhetins do renomado autor. Caras e Bocas é a trama mais cotada para suceder a história de Ana Francisca (Mariana Ximenes). A novela, um grande sucesso do horário das sete, ficou marcada por um curioso bastidor: seu diretor, Jorge Fernando (foto acima), foi agredido por um dos protagonistas do enredo.

Diretor agredido

Flávia Alessandra e Malvino Salvador em Caras & Bocas

A novela estrelada por Flávia Alessandra e Malvino Salvador (na foto acima, como Dafne e Gabriel) teve um momento inusitado em seus bastidores. Tudo porque a chimpanzé Kate, que “interpretava” o macaco Xico, “agrediu” o diretor Jorge Fernando. Xico era um dos personagens centrais do folhetim.

“Jorginho uma vez foi brincar com o macaco, que era uma macaca, e ela ‘blauft’! Deu um tapa na cara dele”, relembrou Malvino Salvador em entrevista ao Notícias da TV, em 25 de dezembro de 2022.

Malvino ainda brincou que, apesar de ser um dos protagonistas, ele acabou perdendo seu espaço para o chimpanzé dentro da trama.

“Vira e mexe os caras falam assim: ‘Pô, aquele macaco!’ Conclusão, quem virou o protagonista foi o macaco e não Malvino”, divertiu-se.

Trama de destaque

Marcos Pasquim e o macaco Xico (Kate)
Reprodução / TV Globo

Caras e Bocas contava com um chimpanzé em seu elenco por conta da história do pintor Denis (Marcos Pasquim), que vivia frustrado por não conseguir vender suas obras de arte nas ruas de São Paulo.

A vida do rapaz ganha um novo rumo quando Xico, macaco que fugiu de um circo onde sofria maus-tratos, passou a ser cuidado por Espeto (David Lucas), filho de Denis. Certo dia, o animal começa a desenhar vários rabiscos nas telas do pintor, o que chama a atenção de Simone (Ingrid Guimarães), uma caçadora de talentos que mantinha uma galeria de arte em sociedade com Dafne.

Acreditando que Denis é o autor das gravuras, ela se apaixona por ele e o torna um artista reconhecido. Com isso, Denis se vê obrigado a esconder o segredo de que suas telas, na verdade, são obras do macaco Xico.

Foi com essa trama que Carrasco pintou e bordou, colocando o animal em inúmeras situações divertidas. O grande clímax aconteceu durante a sequência em que Denis foi desmascarado durante uma exposição. Na cena, Xico, num gesto de solidariedade ao dono humilhado, o abraçou e deu um beijo em seu rosto.

Neste dia, Caras e Bocas marcou 36 pontos no Ibope da Grande São Paulo, superando o capítulo de Viver a Vida, novela das nove da época, que no mesmo dia marcou apenas 35 pontos.

Exigências do Ibama

Isabelle Drummond e Miguel Romulo - Caras e Bocas
Divulgação / Globo

Para colocar um chimpanzé em cena, a Globo precisou cumprir à risca diversas imposições do Ibama, de modo a garantir o bem-estar do animal que atuou durante os mais de 200 capítulos da novela.

Entre as exigências estavam o uso de tintas à base de amido de milho, para que o símio não corresse o risco de ser intoxicado. Além disso, Kate não podia circular livremente pela cidade cenográfica, muito menos contracenar com menores de idade.

Para as cenas em que Kate contracenava com os atores Isabelle Drummond (Bianca), Miguel Rômulo (Felipe) e David Lucas (Espeto), a Globo providenciou a presença de um dublê vestido de macaco. O recurso, com a ajuda da edição, acabou convencendo o público em boa parte das sequências. Mas, em outras, ficava bastante evidente que se tratava de um homem vestido de macaco.

Com todo esforço da equipe comandada por Jorge Fernando, Carrasco conseguiu retratar, com bastante humor, o universo das artes plásticas. A trama, aliada a várias histórias paralelas de destaque, fez de Caras e Bocas um grande sucesso da faixa das sete. A novela foi exibida originalmente de 13 de abril de 2009 a 9 de janeiro de 2010.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor