André Santana

Em Carrossel (2012), Jean Paulo Campos vivia Cirilo, um menino apaixonado por Maria Joaquina (Larissa Manoela) que era constantemente desprezado por ela. Anos depois, o jogo virou: o ator agora é Yuri, dono de uma vida sentimental bem agitada em Vai na Fé.

Vai na Fé - Bella Campos e Jean Paulo Campos
Reprodução / Globo

Na trama das sete da Globo, o rapaz está cercado de pretendentes: após se apaixonar por Jenifer (Bella Campos), Yuri se viu envolvido por Vini (Guthierry Sotero). Ao mesmo tempo, engata um romance com Guiga (Mel Maia). E há até quem torça para que ele se entenda com Fred (Henrique Barreira).

Ao colocar na trajetória de Yuri diversos pretendentes, de gêneros diferentes, a autora Rosane Svartman amplia a discussão sobre sexualidade. É a primeira vez numa novela que a diversidade sexual é tratada de uma maneira tão naturalizada.

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Descoberta

Vai na Fé - Jean Paulo Campos
Reprodução / Globo

No início de Vai na Fé, Yuri era completamente apaixonado por Jenifer. Os dois jovens criaram uma relação de afeto em pouco tempo, tornando-se grandes amigos. No entanto, o rapaz tinha sentimentos mais fortes pela filha de Sol (Sheron Menezzes), que nunca correspondeu.

Com isso, Yuri passou capítulos lidando com uma bela dor de cotovelo. Ao ver a amiga namorando Tatá (Gabriel Contente), o estudante preferiu tirar o time de campo e acompanhar a felicidade de Jenifer de longe.

Sua “dor de amor” só começou a se curar quando ele conheceu Vini. O jovem logo demonstrou interesse, o que lhe causou estranheza. Yuri, até então, sempre se enxergou como heterossexual. Mas, ao ser cortejado pelo novo amigo, passou a rever sua própria sexualidade.

Com isso, a autora Rosane Svartman mostra que Yuri é um rapaz que está se descobrindo. O estudante se surpreendeu quando passou a considerar, de fato, dar uma chance a Vini. Assim, aos poucos, ele vai compreendendo que é um homem bissexual.

Pretendentes

Vai na Fé - Mel Maia
João Miguel Júnior / Globo

Nos mais recentes capítulos da trama, Yuri também passou a ser alvo do interesse de Guiga. A influencer, disposta a dar um novo rumo à vida amorosa, propôs que ela e o amigo namorassem. Yuri não rejeitou a ideia, mas está dividido, já que também pensa em Vini.

São tantas as possibilidades que a vida amorosa de Yuri vem até mobilizando torcidas na internet. Os fãs de Vai na Fé se dividem entre Vini, Guiga e… Fred! Sim, até mesmo o “ex-machão” aparece no radar dos fãs para formar um casal com o estudante de Direito.

Sexualidade fluida

Cara e Coragem - Rosane Svartman
João Miguel Júnior / Globo

A naturalidade com que Rosane Svartman aborda as diferentes possibilidades de Yuri, somada à naturalidade com que o próprio público cria torcidas, faz com que Vai na Fé atinja um novo patamar na abordagem da sexualidade.

Pela primeira vez numa novela (salvo engano), uma ciranda amorosa acontece independentemente do gênero dos envolvidos. Qualquer casal é possível e todos têm suas torcidas, o que mostra que o público comprou a ideia.

Ou seja, a autora de Vai na Fé não trata (somente) da descoberta da bissexualidade. Na verdade, a novela trata da sexualidade fluida, um tema já comum em vários grupos de jovens e que, agora, chega à TV aberta. Neste caso, os envolvidos preferem não rotular suas relações. Os jovens se apaixonam por pessoas, e o gênero deixa de ser uma questão. É um grande avanço no trato da sexualidade humana e suas possibilidades dentro de uma novela. E que vem dando muito certo!

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor