Muita gente não faz ideia, mas grandes sucessos da teledramaturgia brasileira são inspirados em livros clássicos, sejam para inspirar a criação de uma novela ou até mesmo para se aproveitar o argumento nas sinopses. Por isso, algumas novelas podem ser consideradas remakes disfarçados de outras.

Walcyr Carrasco é um dos autores que mais faz uso da literatura clássica na criação de suas novelas, principalmente nas que usam o famoso elemento da vingança, como é o caso de Chocolate com Pimenta (2003), que voltou na Globo em edição especial.

Inspiração na literatura

Na trama, o autor se inspirou em A Visita da Velha Senhora, de Friedrich Dürrenmatt, que também foi base para o desenvolvimento de outras novelas anteriores da emissora, como Cavalo de Aço (1973) e Fera Radical (1988), ambas de Walther Negrão.

Além da obra citada, Carrasco também buscou como principal inspiração a obra clássica A Viúva Alegre, de Franz Lehár. Na época da novela, a inversão do clichê “mocinhos separados por vilão” chamou a atenção do autor:

“Há alguns anos, eu vi a opereta da Viúva Alegre e percebi que tinha um tema muito interessante para uma história dentro de uma estrutura da novela, porque a estrutura das novelas, em geral, é um casal apaixonado, que quer ficar junto, mas ninguém deixa. Na Viúva Alegre é o oposto: um casal que foi apaixonado passa a se odiar e os vilões fazem de tudo para que eles fiquem juntos. Tem também a sede de vingança dela. Tudo isso, em uma estrutura de comédia”, declarou, em entrevista ao O Estado de São Paulo na época.

Exemplo recente

Bianca Bin em O Outro Lado do Paraíso

O universo de Carrasco conta com inúmeras semelhanças entre todas as suas obras, independentemente do horário e do tema. A repetição pode ser apontada como uma certa falta de criatividade do autor, mas, em contraponto, é uma fórmula infalível de sucesso.

Muita gente considera O Outro Lado do Paraíso (2017), uma espécie de remake disfarçado de Chocolate com Pimenta, tendo uma vingança como ponto central da trama. Enquanto Ana Francisca (Mariana Ximenes) se vingava de todas as pessoas que riram de sua humilhação, a vingança planejada por Clara (Bianca Bin) era mais adulta.

Além dessa inspiração, O Conde de Monte Cristo, escrito por Alexandre Dumas em 1844, também foi importante para inspirar os planos da mocinha da novela. A história de Dumas, por sua vez, já foi referenciada em novelas como Fera Radical (1988), Avenida Brasil (2012), entre tantas outras.

Esses são exemplos de que clichês, quando são bem feitos, cativam o telespectador, justificando o estrondoso sucesso da obra e as inúmeras reprises bem sucedidas.

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