A rejeição de Nego Di foi recorde na história de todos os BBBs: 98,76%. Contribuiu para esse número, além de suas atitudes dentro do programa, o fato de ele ter ido para o paredão com uma das candidatas preferidas do público (Sarah) e outro que não fede, nem cheira (Fiuk). E também por ter sido o primeiro do “gabinete do ódio” a participar do paredão, com todos os episódios de tortura psicológica ainda frescos para o público sedento por retaliação.

Na manhã dessa quarta-feira (17), Nego Di participou no Mais Você da acareação com Ana Maria Braga. O ex-BBB aparentava cansaço (afirmou não ter dormido e ter passado a noite se inteirando dos acontecimentos). O comediante parecia tenso e sorriu apenas quando Ana Maria puxava alguma graça (raros momentos).

A apresentadora não poupou Nego Di, foi incisiva nas questões, cobrou posicionamentos (inclusive sobre Lucas Penteado), exibiu cenas do brother em atitudes questionáveis. Ao mesmo tempo, mostrou-se acolhedora e fraternal, como deve ser. Faltou exibir uma ou outra fala mais pesada de Nego Di, mas entendemos que a proposta da entrevista não era essa. Não cabe ao programa julgar comportamentos que pertenceriam a outras esferas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


Nego Di passou a impressão de arrependimento. Não de seus atos, mas de ter participado do BBB. O baque foi realmente muito grande, talvez porque ele não esperasse que sairia do programa, muito menos com tamanha rejeição. Ciente da reação do público aqui fora, foi armado para a entrevista, não para arrepender-se, mas para contra-atacar.

Seu principal alvo foi Karol Conká, pela qual Nego Di afirmou ter sido manipulado: “Incrível o poder de manipulação de Karol. Cai no grupo errado. Achei que era bom jogador por analisar as coisas. Ela jogou comigo, me senti usado pra caramba“, afirmou.

Para um cara que se tinha em tão alta conta, deve ser difícil reconhecer que foi manipulado por Conká. Porém, Nego Di, ao terceirizar a culpa, se isenta das responsabilidades. Esquivou-se de toda forma das falas e comportamentos equivocados e tentou se justificar, algumas vezes com razão, outras com desculpas esfarrapadas. E sempre com a fisionomia de quem estava ali apenas cumprindo um turno de trabalho.

Na tentativa de se defender, Nego Di ainda apelou para a pauta racista, já tão desgastada pelos participantes do programa. “Agenciando uma pauta coletiva para resolver um B.O. que é só dele“, diria Lumena!

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ana Maria também tocou em algo importante: vinte edições de BBB e o povo ainda age como se não soubesse como o jogo funciona, como se não existissem câmeras gravando, como se o público não estivesse atento a tudo. Porém, entendemos que este é um programa que coloca pessoas em situações limite para o nosso entretenimento. É a nova versão das arenas de gladiadores, como escrevi AQUI.

Eu não sou esse mau caráter que as pessoas falam, não sou esse cara ruim“, disse Nego Di. O comediante desculpou-se no final, com a mãe e com o público, e afirmou que está repensando a forma com que faz o seu humor.

É sempre válida a experiência que sirva como reflexão e como aprendizado para o amadurecimento, pessoal e profissional.

SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.

SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

Compartilhar.
Avatar photo

Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor