André Santana

Sempre atenta à repercussão de suas novelas nas redes sociais, Gloria Perez já tem uma explicação para o fracasso de Travessia. A novelista, em resposta a espectadores no Twitter, chegou à conclusão de que o público não está entendendo a história que ela está tentando contar.

Curiosamente, trata-se da mesma justificativa dada pela autora quando Salve Jorge (2012) também era alvo de inúmeras críticas.

A “conclusão” da autora se deu quando uma espectadora reclamou nas redes sociais do excessivo espaço ocupado por Guerra (Humberto Martins), Ari (Chay Suede) e Chiara (Jade Picon) nos capítulos.

“Eles aparecem no começo, no meio e no final de todo capítulo, e é muito chato. O resultado é que, quem não desiste da novela, vê no Globoplay pulando essas partes”, cravou a espectadora Elisa.

“E quando a história é toda interligada e a gente vê pulando partes, o que acontece? Não entende nada! Agora entendi você”, rebateu a autora de Travessia.

“Cego em tiroteio”

Não satisfeita ao rebater a reclamação da espectadora, Gloria Perez continuou respondendo às críticas, sempre culpando o público por não entender sua novela. Quando uma espectadora acusou a autora de apostar todas as suas fichas no “jogador mais caro”, referindo-se a Jade Picon, Gloria não deixou barato.

“Quando a gente assiste à novela olhando só uma personagem, para endeusar ou detonar, fica assim mesmo, como eu vejo muita gente aqui: mais perdido que cego em tiroteio”, acusou.

Uma espectadora chamada Cah rebateu a novelista.

“Eu acho que quem está mais perdida que cego em tiroteio é a autora. Que entrega um enredo que ninguém entende. Sem pé nem cabeça”, escreveu.

Mais uma vez, Gloria Perez culpou o público por não entender sua novela.

“Liga o ‘tico e o teco’ que você acha rapidinho o pé e a cabeça”, respondeu a autora.

Desculpa velha

Salve Jorge

Não é a primeira vez que Gloria Perez responsabiliza o público pelo fiasco de uma novela sua. Em 2012, quando Salve Jorge era alvo constante de críticas, a autora acusou os espectadores de serem “preconceituosos” e, por isso, não compraram sua história.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada em 12 de novembro de 2012, a autora rebateu as várias críticas recebidas por Morena, heroína da trama vivida por Nanda Costa.

“A garota do subúrbio é palatável, está sempre nas novelas. A da favela, não. Morena é exatamente uma menina do Alemão. Isso assusta. Quem representa esse estranhamento é dona Áurea [Suzana Faini], a mãe do Théo [Rodrigo Lombardi]. Brasileiro é preconceituoso. Dona Áurea expressa algo bem característico nosso: ‘Com meu filho, não’. Compreendo as reações. O espelho incomoda”, explicou Gloria.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor