Em Terra e Paixão, Walcyr Carrasco tem usado e abusado de uma das principais características da novela, a de ser uma obra aberta. O autor, por exemplo, investe em tramas que estão dando certo, ampliando ou diminuindo a participação de um personagem ou modificando a narrativa para agradar ao público.
É exatamente isso que vem ocorrendo na novela das nove, com o intuito de torna-la mais atrativa e elevar os números de audiência, ainda modestos.
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Trambique e paixão
Quem acompanha o folhetim, já notou o aumento considerável de cenas entre Anely (Tatá Werneck) e Luigi (Rainer Cadete), responsáveis pelo humor de Terra e Paixão.
Os momentos impagáveis da dupla rendem elogios nas redes sociais. Os internautas não se cansam de enaltecer a parceria e as peripécias da stripper e do italiano.
Para mantê-los juntos, porém, Carrasco tem deixado de lado o noivo de Anely: Odilon (Jonathan Azevedo), sempre ludibriado pela moça, mal aparece…
Esquecido no churrasco
Apresentado como o namorado ciumento e inocente de Anely, Odilon agora está sem função. A moça só surge ao lado de Luigi – que atua, inclusive, como seu protetor, enfrentando Andrade (Ângelo Antônio).
Odilon também deixou de intervir na trama de Lucinda (Débora Falabella) e Marino (Leandro Lima). Os encontros que aconteciam na academia do instrutor de krav maga agora se desenrolam na pousada, já que o delegado se mudou para lá.
Com o professor “fora do circuito”, quem passou a fazer a ponte entre Lucinda e Marino foi Graça (Agatha Moreira). Ela vem dando dicas de conquistas para o homem da lei, com quem se deitou para tentar engravidar e dar o golpe da barriga em Daniel (Johnny Massaro).
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Cuidado necessário
Mudanças em novelas são permitidas – e necessárias, dependendo do enredo. É válido permitir que o público “ajude” a definir os rumos, tornando a produção mais atrativa.
O cuidado com o elenco e os personagens, porém, é mais que necessário. Não se pode desconfigurar totalmente a narrativa ou deixar um bom ator, como é o caso de Jonathan Azevedo, sobrando.
Estudos de audiência e grupos de discussões são pertinentes, mas é preciso mexer sem perder o sentido e a qualidade e sem desmerecer talentos.
