Dyego Terra

Pantanal está em reta final e Silvero Pereira, o intérprete de Zaquieu, está preocupado com uma questão. O ator contou para a QG que está com medo de terminar a novela heterossexual no meio de tantos peões machos.

“É tanto hormônio masculino naquele galpão que eu brinco com eles que o meu maior medo é terminar essa novela heterossexual”, contou.

Silvero contou que há muita brincadeira entre eles, mas também muito respeito pela sua bandeira e por sua identidade.

“Tem uma coisa muito bonita nessa turma. Por mais que a gente brinque bastante, tem muito respeito pelo profissional que eu sou, pela minha identidade de gênero e pela minha bandeira. Eu me sinto muito à vontade com meus parceiros de cena”.

Ele ainda revelou que um dos segredos para a novela ir tão bem é o constante diálogo que todos da trama mantêm.

“O que eu acho mais interessante nessa novela é que tudo é avaliado junto. Seja com o autor, seja com o diretor, seja com o elenco. A gente conversa e chega a um denominador comum, e isso favorece a todos”.

Desafio

Pantanal

O artista contou que tem planos de desempenhar um papel que não seja LGBT. Em entrevista ao podcast Papo de Novela, ele desabafou e disse que o mercado precisa oferecer papéis que não sejam voltados apenas à sexualidade.

“A gente volta para a mesma questão que o Zaquieu fala: não é porque eu sou um ator assumidamente LGBT e porque estou claramente LGBT nas minhas redes e em todo lugar que eu vou, que eu não sou capaz de fazer um personagem hétero, que fuja da minha sexualidade. Espero que o mercado seja um pouco mais inteligente nesse aspecto, que o mercado passe a fazer convites para mim que não sejam só para defender minha causa. Claro que eu nunca vou negar um convite que venha sobre defender minha causa, porque acho extremamente importante”, afirmou.

Arrependimento

A Força do Querer

O intérprete do mordomo de Pantanal confessou ter se arrependido de fazer um único papel durante a sua carreira, justamente a sua estreia em novelas. Foi em A Força do Querer (2017), de Glória Perez. Ele disse que se arrependeu de ter interpretado um transexual.

Na trama, ele era Nonato, um homem que veio do Nordeste para se tornar artista e acabou como motorista do personagem de Humberto Martins. Mas, empenhado, conseguiu obter sucesso nas noites como Elis Miranda. Porém, em anonimato, pois tinha medo de sofrer represálias.

“Hoje eu não faria a Elis Miranda, muito provavelmente. Porque eu também me reeduquei sobre essa história, e a gente precisa estar de acordo com as lutas e as causas. Depois de A Força do Querer, eu não aceitei mais nenhum personagem trans/travesti, e inclusive deixei de fazer meus espetáculos por causa disso”, esclareceu.

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Dyego Terra

Dyego Terra é jornalista e professor de espanhol. É apaixonado por TV desde que se entende por gente e até hoje consome várias horas dos mais variados conteúdos da telinha. Já escreveu para diversos sites especializados em televisão. Desde 2005 acompanha os números de audiência e os analisa. É noveleiro, não perde um drama latino, principalmente mexicano, e está sempre ligado na TV latinoamericana e em suas novidades. Análises e críticas são seus pontos fortes. Leia todos os textos do autor