Muitas histórias curiosas e surpreendentes permearam a indústria musical brasileira. A disputa por um lugar ao sol era ferrenha e ninguém era poupado de mandos e desmandos.

Roberto Carlos
Reprodução / Web

Nos anos 1980, segundo relatos de colegas e jornalistas, Ritchie foi boicotado por um dos maiores nomes da música popular nacional: Roberto Carlos (foto acima).

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Da Inglaterra para o Brasil

Ritchie
Reprodução / IMDB

Richard David Court, nome verdadeiro de Ritchie (foto acima), nasceu em Beckenham, na Inglaterra. Filho de militar, o garoto viajou por diversos países do mundo. Em 1972, foi passar férias em São Paulo, mas acabou ficando e adotando o Brasil como sua nova casa.

O músico passou a integrar algumas bandas, como Vimana, e tocou ao lado de Jim Capaldi. Depois de um período em Londres, Ritchie voltou ao Brasil para lançar sua carreira solo. Ele mirava em bandas que faziam sucesso na época, como Duran Duran, Cultura Club, Spandau Ballet, entre outras.

O cantor assinou um contrato com a CBS e, em 1983, lançou o seu primeiro disco solo: Voo de Coração. A música Menina Veneno estourou nas rádios e na televisão, tornando Ritchie um fenômeno da música pop brasileira.

Reinado ameaçado

Tim Maia
Reprodução / IMDB

Anos depois do grande sucesso que o cantor alcançou, Tim Maia (foto acima) deu uma entrevista à revista Istoé afirmando que Roberto Carlos teria feito um boicote a Ritchie dentro da CBS, da qual ele também era contratado. Tim procurou Ritchie para confirmar o fato, mas ele não acreditou.

Só que a história fazia sentido: o segundo e o terceiro álbum não tiveram o mesmo sucesso de Voo de Coração, Ritchie não era mais convidado para os programas de televisão e não participou da primeira edição do Rock in Rio, realizado em janeiro de 1985.

“O que fizeram com o Ritchie foi um crime”

Erasmo Carlos e Roberto Carlos
Reprodução / Instagram

Em entrevista ao podcast de Clemente, em fevereiro de 2022, o cantor e compositor Arnaldo Brandão afirmou que a história do boicote era verdadeira.

“O que fizeram com o Ritchie foi um crime. Ele sofreu muito mais do que eu. A Gal Costa me contou que o presidente da CBS, Thomaz Munhoz, estava desesperado porque o Roberto Carlos disse: ‘Se lançar o segundo disco do Ritchie esse ano, eu saio da gravadora’”, contou.

“Eu conversei sobre isso muitos anos depois com o Ritchie e ele me falou que já sabia dessa história. Até me contou outro detalhe: ‘Arnaldo, encontrei com a Wanderléa em um programa de televisão e ela me disse que o meu disco não saía da vitrola do Roberto’”, relatou.

Apesar das acusações, Roberto Carlos (na foto acima, com Erasmo Carlos) nunca se pronunciou sobre o tema.

Outra teoria

Ritchie
Reprodução / Instagram

Em entrevista ao podcast Papagaio Falante, em abril deste ano, Ritchie (foto acima) disse não acreditar que Roberto Carlos fez um boicote contra ele.

“O Roberto sempre me tratou muito bem. Quando ele sabia que eu estava no mesmo programa que ele, sempre era chamado no camarim dele, sempre uma gentileza. Eu não acredito que partiu dele”, afirmou.

Para o cantor, a teoria era outra: o boicote veio da própria gravadora.

“Estou especulando: por que fui liberado tão fácil da gravadora devendo um disco? Uma galera que cercava o Roberto ficou com medo de ele mudar de gravadora, pois eu virei prioridade naquele ano. Eu senti que havia pessoas que não estavam felizes comigo. Em 1992, fiz um show em Angra dos Reis, e soube de um radialista que recebeu uma mala de dinheiro da minha gravadora para não tocarem minhas músicas”, falou.

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Fora do Cassino

Cassino do Chacrinha
Divulgação / Globo

Outra história que o artista contou foi um boicote sofrido dentro do Cassino do Chacrinha. O programa era dirigido por Leleco Barbosa, filho do animador. Como não pôde participar de um evento do velho guerreiro, ele foi barrado da atração e perdeu uma das maiores vitrines da década de 1980.

Mesmo com todas essas histórias, Ritchie continua produzindo e é lembrado até hoje como um dos fenômenos da música brasileira dos anos 1980.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor