Alexandre Barillari obteve grande destaque ao interpretar o bandido Guto na novela Alma Gêmea (2005-2006). O que muitos não sabem, é que o ator precisou passar três dias em um presidio para poder entrar no universo do personagem que transformou sua carreira.

Intérprete do vilão Guto, Alexandre decidiu passar por uma experiência inusitada, tudo para mergulhar no universo do personagem que viveu na trama escrita por Walcyr Carrasco.

Experiência

O ator seguiu a sugestão de sua irmã, a psiquiatra Adriana Barillari, de passar três dias no presídio Ary Franco, na Zona Oeste do Rio, onde ela trabalhava. Lá, ele visitou celas, conversou com 12 detentos e levantou material para viver esse papel.

“O universo do personagem, por motivos óbvios, é diferente do meu. (…) No que se diz respeito ao Guto, porém, precisava saber, mais do que qualquer outra coisa, o que motiva uma pessoa a puxar o gatilho… Li todos os compêndios de psiquiatria que a minha irmã emprestou, mas achei pouco…”, disse ele em entrevista ao jornal Gazeta Digital em 10 de julho de 2005.

“Antes de mais nada, busquei detentos que tivessem um perfil parecido com o do Guto. Traficantes de drogas, por exemplo, não me interessavam. As histórias em si até que são parecidas. O componente passional é sempre muito forte. (…) Ou, se preferir, o amor é cego! A maneira como os presos se comportavam também é interessante: o volume de voz era sempre baixo, o tom grave e os braços permaneciam cruzados”, contou.

Sem arrependimentos

Alma Gêmea

Em Alma Gêmea, o ator interpretou um assaltante que mata com um tiro a bailarina Luna (Liliana Castro), mulher do botânico Rafael (Eduardo Moscovis), durante um assalto. Após cumprir pena de sete anos pelo crime, ele se une à amante e vilã Cristina (Flávia Alessandra) para infernizar a vida de Rafael e Serena (Priscila Fantin). A jovem, que nasceu numa tribo indígena, é a reencarnação de Luna.

“Guto e Cristina serão parceiro nas maldades contra o casal. Um diz mata e o outro, esfola. Basta um olhar para se entenderem. Ele faz tudo movido pela paixão”, contou Alexandre em entrevista ao jornal O Globo em 22 de maio de 2005.

Na trama, o personagem, que só se arrependeu das maldades que cometeu após ser traído pela amante, revelou detalhes do bate papo que teve com os detentos. Segundo ele, a grande maioria não sentia nenhum arrependimento pelo crime, mas que, apesar disso, todos sonhavam com a liberdade.

“Não podia forçar ninguém a falar comigo, mas dava segurança a eles, que estava lá por causa de um trabalho, não tinha o sentido de remissão de penas. Surpreendentemente, eles abriram seu coração comigo e me contaram suas histórias”, disse o ator.

Ao final, o artista deu o seu parecer sobre o resultado deste laboratório.

“Foi uma experiencia única. Não sei quando a vida vai me proporcionar outra experiência tão enriquecedora quanto essa…”, afirmou ele à Gazeta Digital.

Curso escondido dos pais

Alexandre Barillari em Chocolate com Pimenta

Alexandre Barillari nasceu no Rio de Janeiro em 19 de março de 1974. Ainda jovem, fez aulas de teatro, mas escondido dos pais, que não aprovaram a escolha profissional do filho.

Sendo assim, ele cursou arquitetura em paralelo ao teatro e, como resultado, acabou se formando nas duas profissões.

Iniciou sua carreira profissional em 1996, quando participou da novela Salsa e Merengue, da Globo. Depois, nos anos 2000, o ator assinou contrato com a Record, onde estrelou a trama Vidas Cruzadas. No mesmo ano, retornou à emissora global, onde fez uma participação em O Cravo e a Rosa.

Na Globo, Alexandre esteve presente em Malhação (2001), Sítio do Picapau Amarelo (2002), Chocolate com Pimenta (2003) (foto acima), Senhora do Destino (2004) e Alma Gêmea (2005).

Em 2006, Alexandre fez Cristal no SBT e, na sequência, foi para a Record, onde trabalhou em Caminhos do Coração (2007), Bela, a Feia (2009), Rei Davi (2012), Dona Xepa (2013), Milagres de Jesus (2014), Plano Alto (2014) e Belaventura (2017).

Por onde anda Alexandre Barillari?

Seu último trabalho na televisão até o momento foi na novela Nos Tempos do Imperador (2021), na Globo.

Afastado da telinha, Alexandre Barillari tem 49 anos, dois livros publicados e, atualmente, está preparando uma obra sobre o centenário da crítica teatral Bárbara Heliodora, falecida em 2015, que completaria 100 anos em 2023. Para o trabalho, o artir conta com a ajuda de Liana Leão, professora de literatura da Universidade Federal do Paraná.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor