A Globo continua insistindo na estratégia de promover o lançamento de um novo cartaz do Vale a Pena Ver de Novo na mesma semana em que encerra a reprise anterior. Desde o dia 29 de abril, a volta de Alma Gêmea (2005) divide espaço com a última semana de Paraíso Tropical (2007).

Alessandra Negrini em Paraíso Tropical
Alessandra Negrini em Paraíso Tropical

Ou melhor, “dividir espaço” é modo de dizer. Na verdade, a novela que chega tem um capítulo super reduzido, apenas para marcar presença e fazer sala de espera à trama que está acabando. Com isso, a estreia não agrega em nada, pelo contrário.

Tanto que Alma Gêmea estreou com baixos índices de audiência e o pouco tempo no ar só fez aborrecer o público. Precisava?

Qual foi a audiência de estreia de Alma Gêmea?

A estreia de Alma Gêmea no Vale a Pena Ver de Novo não rendeu grandes índices de audiência à Globo no dia 29 de abril. O repeteco da história de Walcyr Carrasco retornou ao ar com 13 pontos no Kantar Ibope Media.

O índice é menor do que o da estreia de Paraíso Tropical, que marcou 13,1 em seu primeiro capítulo. E trata-se de um número modesto para Alma Gêmea, considerada um arrasa-quarteirão e uma reprise praticamente à prova de erros.

Em seguida, o capítulo de Paraíso Tropical registrou 16,3 pontos. Ou seja, na reta final, a história de Gilberto Braga e Ricardo Linhares tem rendido índices satisfatórios no Vale a Pena Ver de Novo.

Cópia do SBT

Eduardo Moscovis (Rafael) e Liliana Castro (Luna) em Alma Gêmea
Eduardo Moscovis (Rafael) e Liliana Castro (Luna) em Alma Gêmea

Exibir os primeiros capítulos de uma nova novela junto com a semana final de outro folhetim é uma tática adotada pelo SBT há tempos. A partir de 2014, a Globo passou a utilizar a mesma estratégia no lançamento de suas reprises, tanto no Vale a Pena Ver de Novo quanto na Edição Especial.

A ideia da estratégia é fazer com que o público que acompanha a novela que está chegando ao fim siga acompanhando a nova produção do horário. Ou seja, é uma tática para tentar manter na frente da TV o público conquistado pela trama anterior.

Mas o resultado de Alma Gêmea prova que tal tática não funciona. A trama de Walcyr Carrasco ficou bem abaixo do capítulo de Paraíso Tropical. Ou seja, muita gente que acompanha a novela de Gilberto Braga não se interessou em assistir à estreia da nova reprise.

Insistência sem sentido

Além de não garantir boa audiência, a tática também aborrece o público e pode afugentar espectadores. Afinal, a Globo exibe capítulos muito curtos da novela que começa, o que sempre gera reclamações.

Para a volta de Alma Gêmea, a Globo fatiou o primeiro capítulo original em três, todos com menos de 20 minutos de duração. Ou seja, a estreia de uma reprise sempre acontece em “pílulas”, com cortes que acabam afetando a história.

Afinal, um primeiro capítulo é sempre construído pelo autor para conquistar o espectador de cara. Se ele é dividido em três, este apelo se perde. Com isso, a reprise já começa com um grande desafio, que é driblar essa ausência de bons ganchos e boas situações.

Diante disso, já passou da hora de a Globo abolir de vez a estratégia da “dobradinha de novelas”. A tática não funciona, irrita o espectador e só atrapalha a programação. Chega, já deu!

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor