André Santana

Apesar de ser uma novela bem recebida pelo público, Vai na Fé incomodou os espectadores nas últimas semanas. Após um início arrebatador e promissor, a trama de Rosane Svartman caiu, em pouco tempo, num inexplicável período onde passou a andar em círculos.

Vai na Fé - Carolina Dieckmann
João Miguel Júnior / Globo

Mas, nos mais recentes capítulos da trama das sete, a autora deu sinais de que pretende retomar o ritmo do início. Um providencial apagão serviu como desculpa para tirar Sol (Sheron Menezzes), Ben (Samuel de Assis), Lumiar (Carolina Dieckmann) e cia do marasmo.

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Período de luto

Vai na Fé - José Loreto
Reprodução / Globo

Vai na Fé padeceu de uma espécie de período de luto após a morte de Carlão (Che Moais). Com a passagem do marido da mocinha, novas possibilidades se abriram no caminho de Sol. Porém, estranhamente, a narrativa da protagonista não avançou.

O falecimento de Carlão reaproximou Sol e Ben, mas nada de muito significativo aconteceu com eles após o encontro. A dançarina ficou estacionada, ao mesmo tempo em que as demais tramas da novela também não avançavam.

Vai na Fé chegou até mesmo a perder fôlego ao dedicar vários capítulos à bobajada do Sagrado Masculino, a tal reunião que Lui Lorenzo (José Loreto) participou para tentar recuperar a masculinidade. Foi um momento bem triste do folhetim.

Trama amarrada

Vai na Fé - Emilio Dantas
Reprodução / Globo

Depois disso, a novela até avançou, mas a passos de tartaruga. A impressão que dá é que a autora tem vários trunfos na manga, mas teme queimar cartucho antes da hora. Só isso explica tantas tramas que não avançam, como as vilanias de Theo (Emilio Dantas), por exemplo. Sabe-se que ele é o grande rival de Sol, mas o personagem só aparece armando para cima de Lumiar e Kate (Clara Moneke).

Também falta um encontro mais arrebatador entre Sol e Ben. Como o espectador pode torcer pelo casal se eles mal foram vistos juntos? Para embarcar no romance, é necessário que ele aconteça. E isso até agora não aconteceu, mesmo já tendo passado dois meses de novela.

O maior problema de Vai na Fé é que tudo parece iminente, mas nada andou de fato até aqui. São bons personagens dentro de uma trama bem armada, mas a impressão que dá é que todos ainda estão amarrados, esperando a história acontecer.

Apagão

Vai na Fé - Bella Campos e Sheron Menezzes
Reprodução / Globo

Neste sentido, o apagão visto nos capítulos mais recentes de Vai na Fé pode ajudar a fazer a história avançar. Em meio à uma tempestade que acomete o Rio de Janeiro, vários grupos de personagens foram obrigados a ficar unidos.

Essa é a deixa para que Jenifer (Bella Campos) se aproxime de Ben e comece a desconfiar que ele pode ser seu pai. Também é o ponto de partida para a retomada da relação entre Sol e Lui, que rendeu bons momentos no início da trama, mas depois deu uma murchada.

Vai na Fé tem todas as condições de desamarrar a história e fazê-la decolar. As peças já estão no jogo; basta apenas movimentá-las.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor