Principal autor de novelas da Globo nos últimos anos, Walcyr Carrasco é um incansável. O novelista já escreveu para todos os horários possíveis na emissora, da manhã à madrugada. Ele já foi o “rei das seis”, com êxitos como O Cravo e a Rosa (2000), e incendiou o fim de noite com as duas temporadas de Verdades Secretas (2015 e 2022). Até pelo Sítio do Picapau Amarelo (2001) ele passou! Sempre com sucesso.

Sete Pecados - Claudia Jimenez e Rodrigo Phavanello
Divulgação / Globo

Ou quase sempre. Na vitoriosa carreira de Carrasco, há uma grande falha: Sete Pecados (2007). A novela que marcou sua estreia no horário das sete amargou baixos índices de audiência e inúmeras críticas, além de ter praticamente afundado a Globo quando voltou no Vale a Pena Ver de Novo.

Ainda assim, está prevista para ganhar uma nova chance, desta vez no Globoplay, em 2023.

Sem sucesso

Sete Pecados - Giovanna Antonelli, Priscila Fantin e Reynaldo Gianecchini
Divulgação / Globo

Numa época em que a Globo não investia em chamadas criativas, o Vale a Pena Ver de Novo sempre anunciava uma estreia com a frase: “um grande sucesso de volta”. Mas, no Globoplay, não é preciso ser um grande sucesso para ganhar uma nova chance.

Tanto que, recentemente, a plataforma relançou Como uma Onda (2004), trama de Walther Negrão que esteve longe de ser uma unanimidade. Lua Cheia de Amor (1990) também não foi lá nenhum estrondo, mas garantiu uma vaga no streaming.

Com isso, Sete Pecados também terá esta oportunidade. A trama estrelada por Priscila Fantin, Reynaldo Gianecchini e Giovanna Antonelli, que saiu do ar em 15 de fevereiro de 2008 (ou seja, há exatos 15 anos), deve ser um dos próximos lançamentos do projeto Resgate do Globoplay.

Novela pretensiosa

Sete Pecados - Ailton Graça, Claudia Raia e Priscila Fantin
Divulgação / Globo

Depois de enfileirar sucessos na faixa das seis da Globo, Walcyr Carrasco foi convocado para elevar a audiência do horário das sete da emissora. Para a missão, ele criou uma história baseada nos sete pecados capitais. Era uma trama pretensiosa, com muitos núcleos e personagens.

Cada pecado capital inspirou um núcleo, o que fez de Sete Pecados uma novela de vasto elenco. Na trama principal, Beatriz (Priscila Fantin) era a personificação dos sete pecados. Ela era manipulada pela vilã Agatha (Claudia Raia), líder de uma seita secreta que precisava fazer com que a protagonista cometesse os sete pecados.

Inconsequente, Beatriz se apaixonava por Dante (Reynaldo Gianecchini), um taxista honesto e puro de coração. No entanto, o rapaz era casado com Clarice (Giovanna Antonelli). Para conquistá-lo, Beatriz fazia um pacto com Barão (Aílton Graça), parceiro de Agatha na seita secreta.

Enquanto isso, os anjos Gabriel (Erik Marmo) e Custódia (Claudia Jimenez) entravam na vida de Beatriz para ajudá-la a se livrar da vilã e buscar o caminho do bem. Uma missão bastante espinhosa, já que Beatriz foi se deixando levar cada vez mais pela seita e praticando todos os sete pecados.

Fracasso

Sete Pecados - Priscila Fantin
Divulgação / Globo

A trama que envolvia seres celestiais e ocultismo não foi bem absorvida pelo público. Sete Pecados se mostrou uma novela estranha e confusa, o que lhe rendeu baixos índices de audiência.

Para tentar reverter a situação, Carrasco promoveu mudanças. A mais radical foi, literalmente, explodir a vilã de Claudia Raia. Agatha morreu ao abrir uma caixa onde uma bomba estava escondida. O pacote, na verdade, foi enviado a Clarice, mas a megera abriu por engano e partiu dessa para uma melhor.

A morte de Agatha serviu para aumentar o clima de mistério, mas acabou criando um problema maior ainda. Afinal, a novela ficou sem uma grande vilã, o que a deixou um tanto capenga. Barão não tinha força para carregar as maldades da trama sozinho. O capanga Hércules (Rafael Calomeni) ganhou mais espaço, mas o ator não tinha estofo para viver um grande malvado. Entrou em cena a advogada Dra. Margareth (Cristiana Oliveira), mas não deu muito certo.

Sete Pecados não engrenou e terminou com média geral de 29,6 pontos, pouco menos que sua antecessora, Pé na Jaca (2006), que fechou com 29,7 e também não foi considerada exitosa.

A novela repetiu o fiasco no Vale a Pena Ver de Novo, em 2010. Foi um desastre tão grande que a reprise teve apenas 86 capítulos, contra os 208 episódios originais.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor