Não deu tempo: artistas fizeram de tudo para salvar ex-ator da Globo
24/06/2023 às 14h15
O início de 2019 ficou marcado por uma perda trágica no meio artístico. No dia 16 de janeiro, o ator Caio Junqueira, de apenas 42 anos, se envolveu em um grave acidente de carro no Rio de Janeiro.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Caio dirigia para o centro da cidade quando perdeu o controle do veículo em uma curva do Aterro do Flamengo. O artista subiu no meio fio, bateu violentamente em uma árvore e capotou.
Iniciava-se aí uma campanha entre os artistas para tentar salvar a vida do ator, que era filho do ator e diretor Fábio Junqueira (1956-2008) – o Marcondes de Mulheres Apaixonadas – e meio-irmão do também ator Jonas Torres – o Beto das temporadas de 1998-99 de Malhação.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Campanha para salvar Caio Junqueira
Após o acidente, Caio ficou preso nas ferragens do veículo e foi encontrado inconsciente. Com diversas lesões, incluindo um trauma grave no tórax, o ator foi levado para o Hospital Miguel Couto, no Leblon; ele também tinha perdido muito sangue.
LEIA TAMBÉM:
● Após lutar contra câncer, ex-apresentadora do Jornal da Manchete morre aos 65 anos
● Artista de Toma Lá, Dá Cá se recusou a tratar câncer: “Estado terminal”
● Após ser resgatado pela Praça, humorista perdeu luta contra a Aids
Ao ver a situação do amigo, vários famosos fizeram campanhas nas redes sociais para incentivar doações. Nomes como José de Abreu, Roger Gobeth, Amandha Lee e Andrea Castrinho puxaram uma corrente de doação de sangue para tentar salvar a vida do ator.
“Amigos, como muitos já sabem, o querido Caio Junqueira sofreu um grave acidente de carro e precisa de doação de sangue. Se você puder doar sangue no Hemorio, mencionar que está doando para Caio de Lima Torres Junqueira que está internado no hospital Miguel Couto (RJ). É urgente!”, pediu Amandha na época.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Esboçando reação
O ator ficou internado na unidade coronariana do Miguel Couto durante uma semana, onde passou por diversos procedimentos, incluindo uma cirurgia na mão direita. Caio chegou a abrir os olhos e tentou se levantar da cama, para esperança da mãe.
“Isso mostra que ele está querendo lutar pela vida”, afirmou Maria Inês Torres (foto acima).
Mas ele não resistiu e faleceu na madrugada do dia 23 de janeiro. Sua mãe partiu no mesmo ano, poucos dias antes da data de aniversário do filho.
Início de carreira no humor
Nascido no dia 15 de novembro de 1976, Caio Junqueira (na foto acima com o irmão, Jonas) iniciou a carreira quando tinha apenas oito anos, na série humorística Tamanho Família, da Rede Manchete. A obra era inspirada em outros sucessos do gênero, como Família Trapo, da Record, e a primeira versão de A Grande Família, da Globo.
Em 1986, então com dez anos, o ator-mirim foi para a Globo, onde atuou ao lado de Jonas, que vivia o Bacana na série Armação Ilimitada. A partir daí, Caio não parou mais.
Sucesso na Globo e fenômeno no cinema
Divulgação / GloboNa emissora carioca, Caio Junqueira esteve em produções como Desejo (1990, foto acima), Barriga de Aluguel (1990), A Viagem (1994), Engraçadinha (1995), Malhação (1998), Hilda Furacão (1998), Chiquinha Gonzaga (1999), Um Anjo Caiu do Céu (2001), O Quinto dos Infernos (2002), entre outras.
Após uma participação em Um Só Coração, em 2004, o ator foi para a Record e fez parte do elenco de A Escrava Isaura, no mesmo ano. Em seguida, voltou para a Globo, onde participou de Paraíso Tropical e Desejo Proibido, ambas de 2007.
No mesmo ano, Caio Junqueira ganhou ainda mais destaque no país. Ele fez parte do filme Tropa de Elite, sucesso estrondoso dirigido por José Padilha que ganhou inúmeros prêmios.
No longa, o ator interpretou Neto, um dos aspirantes da PM que desejam ingressar no BOPE (Batalhão de Operações Especiais). Ao lado de Matias (André Ramiro), o policial passou em todas as fases de treinamento para ocupar o posto do Capitão Nascimento (Wagner Moura), mas foi morto em uma emboscada antes de concluir a transição.
Com tamanha notoriedade, não demorou para que a Record, que naquela época estava reativando seu núcleo de dramaturgia para “bater de frente” com a Globo, contratasse o ator para o seu elenco fixo.
Destaque na Record e processo na Justiça
Na segunda passagem pela Record, Caio esteve na série A Lei e o Crime (2009, foto acima), em Ribeirão do Tempo (2010) – onde viveu seu primeiro protagonista em novelas, Joca –, além das produções bíblicas José do Egito (2013) e Milagres de Jesus (2015).
Após sair da emissora, o ator buscou na Justiça o reconhecimento do vínculo com o canal, onde ficou de 1º de agosto de 2008 até 31 de agosto de 2016. Em um processo iniciado em 2017, Caio alegava que a Record não queria assinar sua carteira de trabalho. Após sua morte e a da mãe, foi o irmão Jonas quem deu prosseguimento à ação.
Em primeira instância, a Record venceu ao afirmar que o ator havia sido contratado através de sua empresa, Fuampa Filmes. Mas a defesa de Caio Junqueira recorreu e venceu o processo, com valor de causa em R$ 60 mil.
O último trabalho artístico de Caio pode ser visto na Netflix, já que ele participou da série O Mecanismo, em 2018.