A Globo decidiu que a novela que vai substituir No Rancho Fundo na faixa das seis se chamará A Garota do Momento. A decisão frustrou o público que havia aprovado Tutti-Frutti, o título provisório da trama de Alessandra Poggi, que era bem mais criativo.

Nathalia Dill em Família é Tudo
Nathalia Dill em Família é Tudo

Mas, antes disso, o canal já havia tomado outra decisão controversa nesse sentido. A substituta de Família é Tudo, a princípio, era chamada de Mão Dupla, mas teve seu título trocado pelo “genérico” Volta por Cima.

Essa situação não é nova na Globo. No passado, o canal já havia trocado ótimos títulos provisórios por nomes pouco criativos.

Relembre abaixo outras cinco novelas da emissora que passaram pela mesma situação:

Família é Tudo

Atual novela das sete da Globo, Família é Tudo quase teve um nome bem mais original e criativo. A novela de Daniel Ortiz era inicialmente chamada de A Vovó Sumiu, um nome mais divertido e que trazia uma informação sobre a história – afinal, Frida (Arlete Salles) realmente sumiu.

Mas a emissora entendeu que a novela não tratava do desaparecimento da avó, e sim da missão deixada por ela para seus cinco netos. Com isso, o nome foi alterado para o genérico Família é Tudo.

Terra e Paixão

A antecessora de Renascer teve um título provisório bem melhor que Terra e Paixão. Inicialmente, a trama escrita por Walcyr Carrasco atendia por Terra Vermelha, em referência às terras da protagonista Aline (Barbara Reis).

Sem dúvidas, era um título bem mais forte que o que acabou prevalecendo. Além de remeter à cor da terra, o “vermelho” também pode ser entendido como o sangue derramado, já que a novela girava em torno da violenta disputa pelas tais terras.

Mas a Globo foi obrigada a mudar, já que o título Terra Vermelha já tinha dono, e optou pelo cafona e pouco criativo Terra e Paixão.

Amor de Mãe

Adriana Esteves, Regina Casé e Taís Araújo em Amor de Mãe
Adriana Esteves, Regina Casé e Taís Araújo em Amor de Mãe

A novela Amor de Mãe (2019) realmente girava em torno de dramas envolvendo mães e seus filhos. No entanto, a história de Manuela Dias era um thriller policial, cheio de suspenses, assassinatos e mistérios. O título, portanto, não traduzia o real espírito da história. Era um título “fofo” para uma trama densa.

O primeiro título provisório da trama estrelada por Regina Casé, Taís Araújo e Adriana Esteves era Troia. Bem diferente do nome que prevaleceu, é verdade, mas, ao menos, era mais instigante e tinha mais a ver com a proposta da produção.

A Lei do Amor

Escrita por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, A Lei do Amor (2016) contava a história da família Leitão, um clã que enriqueceu por conta de diversos conchavos políticos. A trama trazia uma crítica social resumida nesta família, que tinha pose, mas era muito disfuncional.

Por isso, o título provisório Sagrada Família tinha muito mais a ver com a história. Era uma ironia à família que protagonizava a história e todas as suas ações em nome do dinheiro e do poder. Já A Lei do Amor não tinha absolutamente nada a ver com a novela. De quem foi a ideia?

A Favorita

A Favorita (2008) não chega a ser um nome ruim. Mas a história de João Emanuel Carneiro teve como título provisório o poderoso Juízo Final, que dava mais significado à trama da novela. Afinal, a história de Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Claudia Raia) tratava justamente do juízo que fazemos das pessoas.

O autor apresentou a vilã Flora como uma figura inocente, ao contrário de Donatela, levando o público ao erro. A audiência julgou Flora a vítima até descobrir que, na verdade, era ela a grande vilã. Os demais personagens da novela também fizeram o mesmo julgamento precipitado. Juízo Final, portanto, tinha mais a ver com a proposta da novela.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor