Aposta ousada da Globo para o Vale a Pena Ver de Novo, Paraíso Tropical (2007) derrubou a audiência do horário. Porém, na reta final, a reprise deslanchou e já vem atingindo médias superiores à antecessora Mulheres Apaixonadas (2003).

Tony Ramos como Antenor em Paraíso Tropical
Tony Ramos como Antenor em Paraíso Tropical

O sucesso coincide com a reta final eletrizante da trama de Gilberto Braga e Ricardo Linhares. Além disso, o êxito também repete a trajetória da exibição original da trama, que estreou em baixa, mas reverteu a má fase ao longo dos capítulos.

Isso deixou evidente o erro da Globo, que exibiu a pior fase da novela praticamente na íntegra antes de começar a picotar a trama. A emissora descobriu a solução tarde demais.

Em alta

Paraíso Tropical registrou ótima audiência em sua penúltima semana no ar. De acordo com dados do Kantar Ibope Media divulgados pelo site Notícias da TV, a trama anotou média semanal de 15,6 pontos, considerando os capítulos de 22 a 26 de abril.

Com isso, a história das gêmeas Paula e Taís (vividas por Alessandra Negrini) teve uma penúltima semana melhor do que Mulheres Apaixonadas, novela que a antecedeu. O folhetim de Manoel Carlos anotou 14,3 pontos no mesmo período.

Trata-se da última semana em que Paraíso Tropical foi exibida sozinha dentro do Vale a Pena Ver de Novo. A última semana da novela dividirá o horário com os primeiros capítulos de Alma Gêmea (2005), que voltou ao ar em 29 de abril.

De fiasco a sucesso

Alessandra Negrini em Paraíso Tropical
Alessandra Negrini em Paraíso Tropical

Em 2007, Paraíso Tropical interrompeu a curva ascendente de audiência das novelas das nove da Globo. A trama estreou em 5 de março de 2007 registrando 41 pontos no Ibope, marca que foi caindo drasticamente durante a exibição dos primeiros capítulos.

Somente a partir da oitava semana, entre 23 e 28 de abril de 2007, Paraíso Tropical voltou a ter média semanal acima de 40 pontos. Depois disso, a novela foi engrenando e não demorou para que a média se fixasse em torno dos 45 pontos, um ótimo resultado na época.

A subida na audiência coincide com as mudanças realizadas pelos autores na novela. Gilberto Braga e Ricardo Linhares passaram a focar nas personagens mulheres, após o grupo de discussão apontar que a trama era “masculina demais”. Além disso, os autores imprimiram um ritmo mais ágil à narrativa, apostando em histórias que eram resolvidas em poucos capítulos.

Trajetória equivocada

Curiosamente, a direção da Globo parece não ter se atentado a isso ao lançar a reprise de Paraíso Tropical. Mesmo sabendo que a novela não empolgou o público em seu início, a emissora manteve a primeira fase praticamente intacta.

A Globo só intensificou as tesouradas em Paraíso Tropical ao optar por encurtar a reprise, que, inicialmente, estava prevista para ficar no ar até junho. Com a edição mais acelerada, a trama alcançou a fase em que registrou melhores índices em 2007, e o êxito acabou se repetindo, considerando as devidas proporções.

Em 2007, na reta final, vários capítulos de Paraíso Tropical alcançaram incríveis 50 pontos de audiência, o que atestou o sucesso da novela. Na reprise, o interesse do público parece estar em sintonia com o da primeira exibição.

Ou seja, a Globo deveria ter acelerado os primeiros capítulos de Paraíso Tropical para chegar logo ao momento da história que tem mais apelo junto ao público. Com isso, a novela poderia ter alcançado resultados melhores.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor