Longe das novelas desde Corpo Dourado (1998), trama recentemente reprisada no canal Viva, Fábio Jr. fez muito sucesso como galã de folhetins entre os anos 1970 e 1990. O cantor fez várias tramas que entraram para a história da teledramaturgia brasileira.

Guilhermina Guinle e Fabio Jr
Guilhermina Guinle e Fabio Jr. estrelaram Antônio Alves, Taxista (Reprodução / web)

Mas nem sempre ele acertou. O artista cometeu o maior erro de sua carreira ao aceitar protagonizar Antonio Alves, Taxista, trama do SBT que chegava ao fim em 10 de agosto de 1996.

A novela estreou cercada de expectativas, mas não deu certo. Além dos bastidores conturbados, a produção amargou baixos índices de audiência e uma saraivada de críticas.

Aposta alta do SBT

Em 1996, o SBT tirou do papel o ambicioso plano de exibir três novelas nacionais inéditas ao mesmo tempo, tal qual a Globo. Para colocar o plano de pé, o canal recorreu a parcerias. Razão de Viver (1996) foi a única produzida nos estúdios da emissora, enquanto Colégio Brasol (1996) e Antonio Alves, Taxista foram terceirizadas.

Esta última foi fruto de uma parceria com a produtora argentina Ronda Studios. Gravada em Buenos Aires, mas com elenco brasileiro, a trama era uma versão de Rolando Rivas, Taxista, produzida anos antes na Argentina.

Na época, Fábio Jr. havia sido convidado para atuar em O Fim do Mundo (1996), na Globo, e Tocaia Grande (1995), da Manchete. Porém, ele preferiu atender ao chamado do SBT porque queria viver um taxista, como uma forma de homenagear seu pai, que tinha a mesma profissão. O protagonista, inclusive, se chamava Antonio justamente porque esse era o nome do pai do cantor.

Fracasso

Antonio Alves Taxista
Fabio Jr. em Antônio Alves, Taxista

Mas, apesar da grande aposta do SBT, Antonio Alves, Taxista começou a dar problemas ainda antes da estreia. Isso porque Sonia Braga foi anunciada como a estrela da produção, o que marcaria seu retorno às novelas brasileiras, das quais estava afastada desde Chega Mais (1980), da Globo.

Porém, a atriz acabou se rebelando logo no início dos trabalhos e abandonou a produção. Ela teria ficado insatisfeita com a qualidade do texto da novela e com o tamanho de sua personagem. Com a saída de Sonia Braga, Branca de Camargo – que já estava no elenco da trama – ficou com seu papel.

Antonio Alves, Taxista estreou em 6 de maio de 1996 e não agradou. Na época, a crítica especializada apontou a falta de qualidade na tradução do texto argentino, que se revelou datado. Os erros de continuidade e os cenários considerados “pobres” também não passaram despercebidos. A audiência também não foi lá essas coisas.

Fábio Jr., inclusive, teria se arrependido de participar da produção. Tanto que até se cogitou esticar a novela até o capítulo 120 – inicialmente, a previsão era de 78 capítulos -, mas o protagonista se recusou. Com isso, Antonio Alves, Taxista chegou ao fim com 82 capítulos.

Fiasco anterior

Curiosamente, Antonio Alves, Taxista não foi o primeiro fracasso do ator na teledramaturgia. Em 1981, Fábio Jr. estrelou O Amor É Nosso!, na Globo. A novela foi um fiasco tão grande que, até hoje, existem boatos de que a emissora apagou todas as fitas da novela para se livrar de vez da produção.

Exibida na faixa das sete da Globo entre 27 de abril e 24 de outubro de 1981, O Amor É Nosso! marcou a estreia do jornalista e psiquiatra Roberto Freire como autor de novelas, assinando a produção com Wilson Aguiar Filho. A ideia era fazer um retrato fiel da juventude dos anos 1980.

A trama contava a história de Pedro (Fábio), um aspirante a cantor que vai viver em uma república com outros jovens. Mas o público não embarcou na história, a audiência caiu horrores e, ao final da novela, a Globo teria se livrado dos arquivos da produção.

Não se sabe se foi proposital, mas é fato que a Globo não dispõe mais da íntegra de Amor É Nosso!, o que foi confirmado pelo ex-diretor de produtos digitais e canais pagos da emissora, Erick Brêtas.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor