Atual cartaz do Vale a Pena Ver de Novo, Alma Gêmea (2005) teve bastidores agitados. A trama concebida por Walcyr Carrasco foi aprovada de maneira curiosa pela Globo e se tornou alvo de acusações de plágio.
Depois de uma dobradinha de sucessos formada por O Cravo e a Rosa (2000) e Chocolate com Pimenta (2003), Carrasco recebeu a encomenda da emissora para desenvolver uma nova novela das seis.
O autor teve pouco tempo para se preparar após a saga de Ana Francisca (Mariana Ximenes) e logo estava embarcando na trama de Rafael (Eduardo Moscovis) e Serena (Priscila Fantin), que entrou no ar cerca de um ano depois da obra anterior do novelista.
Primeira novela aprovada por e-mail
Pouco tempo depois do fim de Chocolate com Pimenta, encerrada em maio de 2004 sendo um grande sucesso, a direção da Globo questionou Carrasco a respeito de uma nova novela de sua autoria.
O autor, então, recordou uma ideia que já havia concebido há algum tempo. A princípio, se tratava de um romance, mas que não tinha a história bem definida, sem ter nem mesmo uma sinopse.
Apesar disso, Carrasco decidiu improvisar e enviar o projeto para avaliação da direção da Globo. Ele escreveu seis linhas descrevendo a trama principal e mandou para os executivos do canal.
“E foi a primeira novela aprovada por e-mail na TV Globo”, contou o autor durante o workshop do folhetim.
Mistura de temas
Após apresentar a ideia inicial à Globo, o autor fez uma pesquisa sobre aldeias indígenas, reencarnação e produção de rosas. Assim, desenvolveu o tema principal de Alma Gêmea e o pano de fundo da história, usando bastante liberdade criativa.
“A história é original. Mas a ideia parte do mito, comum à toda a Humanidade, século após séculos, de que os grandes amores nunca terminam, e de que algumas pessoas são destinadas às outras. Ou seja, que todos nós temos um grande amor à nossa espera, capaz de nos completar, fazendo com que duas pessoas se tornem uma só”, descreveu ele na sinopse da trama.
Briga judicial
O escritor Carlos de Andrade acionou a Justiça e deu entrada em um processo em que alegava que a história da novela das seis da Globo era uma cópia de seu livro “Chuva de Novembro”, lançado em 1997.
Um tempo depois, Shirley Costa também processou Carrasco. Ela argumentou que havia semelhanças entre Alma Gêmea e seu romance “Rosácea”. A escritora, inclusive, afirmou que tinha como provar que o novelista teve contato com seu livro.
Porém, Walcyr Carrasco acabou sendo absolvido nos dois processos motivados por Alma Gêmea, novela que o consagrou como o autor de maior audiência do horário das seis na década de 2000.