Votação de processo de Michel Temer remete a impeachment de Collor e Dilma; relembre
02/08/2017 às 20h45

Já é história! Nesta quarta-feira (2), a votação do arquivamento da denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva, na Câmara dos Deputados, derrubou a grade da Globo, que interrompeu a exibição da novela Novo Mundo tão logo teve início a votação nominal, por volta das 18h20.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Record e Band abriram plantões especiais, com correspondentes na Câmara e apresentação, respectivamente, de Adriana Araújo e José Luiz Datena, no estúdio. Contudo, logo retomaram a programação normal – a primeira com a reprise de Os Dez Mandamentos; a segunda com as notícias policiais do Brasil Urgente. Já o SBT aguardou o intervalo da mexicana O Que a Vida me Roubou para exibir um boletim do SBT Brasil, também com link direto de Brasília. Por fim, a RedeTV! prosseguiu com um game-show terceirizado.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Tal episódio remete a 29 de setembro de 1992, quando mais de 120 milhões de brasileiros assistiram ao vivo pela televisão a votação do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Globo, SBT, Manchete, Record, Band, Cultura e Gazeta exibiram toda a votação, ocorrida das 17h20 às 18h45. Também ao domingo, 17 de abril de 2016, quando a Câmara dos Deputados decidiu a favor do encaminhamento do processo de impeachment de Dilma Rousseff ao Senado.
Tanto no primeiro, quanto no segundo caso, a Globo abdicou de suas principais atrações para dar vez à notícia. Em 1992, a novela das 18h, Despedida de Solteiro, também saiu prejudicada. Na ocasião, Alexandre Garcia foi destacado por Luís Antônio Giron, repórter de cultura da Folha de São Paulo, de 4 de outubro: “atuou feito um deputado ausente que resolveu assumir o impeachment no último instante. Exibiu incrível talento para explicar os trâmites do processo e os passos da política. Só um problema o afetou. Ele tem um impulso animal pelo ufanismo. Soltou foguetes pela queda do homem que defendeu durante dois anos”, concluiu.
LEIA TAMBÉM:
● Longe das novelas, musa dos anos 90 perdeu luta contra câncer terminal
● Fiasco que estreava há 5 anos teve puxada de tapete e demissão por telefone
● Grávida, atriz detonou jurados da Dança dos Famosos: “Tá faltando empatia”
Com a cobertura, a emissora registrou 44 pontos, segundo dados do Ibope aferidos na Grande São Paulo. Em 2016, quando deu folga ao Domingão do Faustão, a Globo chegou a alcançar 37 pontos. Mobilizou seu principal âncora, William Bonner, com flashes ao vivo ao longo de toda a programação, desde o início da manhã até a proximidade da segunda-feira. E chegou a ficar mais de oito horas sem abrir intervalos comerciais, voltada apenas para a votação que acabou tirando Dilma Rousseff do cargo máximo da República.
O SBT praticamente ignorou a cobertura em 2016 – abrindo espaço para um boletim curto durante o Programa Silvio Santos e colocando um Conexão Repórter especial no ar praticamente uma hora depois do resultado da votação.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Em 1992, Boris Casoy permaneceu onze horas no ar, com plantões durante toda a programação. À frente do TJ Brasil, Casoy foi eleito o grande nome da cobertura, por Nelson de Sá, também na Folha de São Paulo, de 1º de outubro: “A opinião de Casoy, por três meses, foi referencial. Ele criou um bordão, que batia diariamente até o limite da paciência geral: É preciso passar o Brasil a limpo”. Um deputado chegou a votar “sim” citando a frase. Ontem [30 de setembro de 1992], para descanso dos ouvidos, o âncora desistiu _talvez temporariamente_ de insistir no bordão”.
Curiosamente, o bordão “o Brasil precisa ser passado a limpo” foi citado na votação de hoje, pelo deputado José Airton Cirilo, do PT do Ceará – que votou “não”, contra o arquivamento do processo de investigação a respeito de Michel Temer.
Sem grandes destaques 25 anos atrás, a Record mobilizou Reinado Gottino, do Balanço Geral, e Adriana Araújo para um plantão especial em 2016, com a presença de Christina Lemos e Eduardo Ribeiro, direto de Brasília. A Band optou pela análise dos fatos no caso Dilma e pelo “petismo” no caso Collor: “Chico Pinheiro e Marília Gabriela fizeram da Bandeirantes a tribuna do PT. Todos choraram, se emocionaram, Lula deu tapinha nas costas de um Pinheiro lacrimejante depois da votação. A rede não logrou distanciamento jornalístico”, sentenciou Giron, na Folha de São Paulo de 4 de outubro de 1992.
A RedeTV! também exibiu a votação do impeachment de Dilma Rousseff de ponta a ponta, tal qual sua antecessora, a Manchete, ao vivo no Congresso, com Leila Cordeiro, desde o início da tarde até a conclusão da sessão que afastou Fernando Collor de Mello.
Em tempo: ao contrário de Dilma e Collor, Michel Temer saiu vitorioso da votação. A denúncia contra o presidente acabou arquivada.