Lilia Cabral é uma das atrizes mais requisitadas da Globo. No ar como Bárbara, na reprise de Chocolate com Pimenta (2003), ela também brilhou em títulos como História de Amor (1995), Páginas da Vida (2006), Fina Estampa (2011) e A Força do Querer (2017, foto abaixo, com Juliana Paes).

A Força do Querer - Juliana Paes e Lilia Cabral
Reprodução / Instagram

O que pouca gente sabe, ou se lembra, é que Lilia já teve uma passagem pelo SBT. Ela foi contratada para estrelar uma novela infantil que, por problemas de produção, acabou cancelada, frustrando o elenco.

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Trama para pequenos

Pedra Sobre Pedra - Lilia Cabral
Jorge Baumann / Globo

A meteórica passagem de Lilia Cabral pelo canal de Silvio Santos aconteceu em 1993. Ela, que vinha de produções de sucesso da Globo como Vale Tudo (1988), Tieta (1989) e Pedra Sobre Pedra (1992), optou por não renovar com a emissora, aceitando o convite do SBT para participar de Mariana, a Menina de Ouro.

No folhetim, Lilia iria interpretar a mãe da protagonista, a garota Mariana. Divorciada, ela e o marido (Nuno Leal Maia) negligenciavam a educação da filha, que dividia suas aflições com a empregada doméstica (Denise Fraga). Os novos relacionamentos dos pais também afetavam o cotidiano da pequena protagonista.

O roteiro de Mariana, a Menina de Ouro era de autoria de Flávio de Souza, responsável pela criação de programas infantis da TV Cultura, como Rá-Tim-Bum (1990), Glub-glub (1991) e Castelo Rá-Tim-Bum (1994).

A inspiração para a novela veio de outra criação de Flávio, a série Mundo da Lua (1991, foto abaixo) – na qual o menino Lucas Silva e Silva (Luciano Amaral) buscava a solução de seus problemas através de histórias narradas em um gravador.

Cancelamento

Mundo da Lua - Antonio Fagundes, Gianfrancesco Guarnieri, Luciano Amaral, Mayana Blum e Mira Haar
Divulgação / Cultura

Mariana, a Menina de Ouro contava com direção-geral de Fernando Meirelles, então celebrados pelos famosos comerciais dos eletrodomésticos da marca Brastemp, cujo slogan era “não é assim uma Brastemp”. O experiente Nilton Travesso respondia pela supervisão.

Contudo, por questões financeiras e estratégicas, o SBT modificou o projeto. Os 130 capítulos foram convertidos em uma série de 30 episódios, de 40 minutos cada, para exibição de segunda-feira a sábado, às 20h30.

Nesse meio tempo, distante da TV, Lilia Cabral passou a se dedicar ao teatro. Ela estrelou o espetáculo Solteira, Casada, Viúva ou Divorciada, no qual interpretava as quatro personagens do título.

Volta à Globo

O Sétimo Guardião - Lilia Cabral
Reprodução / Globo

Em 7 de agosto de 1994, o jornal Folha de São Paulo informou a desistência do SBT quanto ao projeto, o que certamente frustrou os envolvidos. Sem Mariana, a Menina de Ouro, Lilia chegou a conversar com a casa sobre a possibilidade de integrar o elenco de Éramos Seis. Como não se encaixou em nenhum papel, a atriz deixou a emissora, antes mesmo do cancelamento definitivo do folhetim.

“Eles foram muito éticos comigo, principalmente o Nilton Travesso”, contou ela à Folha.

Lilia Cabral voltou à Globo, assim como Nuno Leal Maia. Os dois integraram o elenco de Pátria Minha, novela de Gilberto Braga que o canal lançou em julho de 1994, às 20h.

Outros nomes escalados para Mariana, a Menina de Ouro foram remanejados para Éramos Seis, uma das melhores novelas da história do SBT: Angelina Muniz, Elizângela, João Vitti, Umberto Magnani, entre outros.

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Sebastião Uellington Pereira é apaixonado por novelas, trilhas sonoras e livros. Criador do Mofista, pesquisa sobre assuntos ligados à TV, musicas e comportamento do passado, numa busca incessante de deixar viva a memória cultural do nosso país. Escreve para o TV História desde 2020 Leia todos os textos do autor