Voltou correndo: astro se arrependeu de trocar a Globo pelo SBT

Imagine a seguinte cena: Sérgio Chapelin apresentando um programa de auditório, aparecendo de corpo inteiro na televisão, em uma época onde isso não era comum para locutores de telejornais. Detalhe: com o mesmo microfone utilizado por Silvio Santos.

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Com sua imagem ligada a programas da Globo, como Jornal Nacional, Fantástico e Globo Repórter, o jornalista, atualmente longe da telinha, realmente passou por esse cenário, entre 1983 e 1984, quando apresentou o Show Sem Limite no SBT.

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O contrato foi assinado no dia 13 de abril de 1983. Chapelin, na época considerado o melhor locutor do Brasil, deixou a Globo para ganhar seis vezes mais no SBT, algo em torno de 8 milhões de cruzeiros por mês. Ele ainda poderia atuar em comerciais, o que era vetado pela antiga casa – e é assim até hoje, pelo menos para os integrantes da equipe de jornalismo. Também seria a primeira vez, em 11 anos de carreira, que ele aparecia de corpo inteiro na TV, o que foi comemorado por sua esposa, Regina, e bastante citado em reportagens da época.

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A saída de Chapelin não foi bem engolida na Globo. Em polêmica declaração à revista Istoé, Armando Nogueira (1927-2010), então diretor de jornalismo da emissora, disse que “não sabia que esse cara era tão famoso”.

Na Folha de S. Paulo de 22 de abril de 1983, Nogueira foi duramente criticado pela crítica Helena Silveira (1912-1974).

“Agora na TVS, vai ser animador do Show Sem Limite, substituindo J. Silvestre (1922-2000), enquanto o senhor Armando pode ganhar um violento tutu, mas, para milhões de pessoas, é apenas um nome que passa rápido, após muitos outros, numa lista, ao final das edições dos telejornais”.

Vitória na estreia

Veio a estreia, às 21 horas de uma terça, 10 de maio de 1983. O programa foi sucesso de público e crítica, liderando a audiência, com 35,3 pontos, de acordo com o Ibope. O Viva o Gordo, de Jô Soares, que recebeu da novela Louco Amor com 49 pontos, ficou com 26. J. Silvestre, agora na Band, marcou 7,3. Na segunda semana, nova vitória do SBT.

Chapelin tinha quadros herdados de J. Silvestre, como homenagens ao estilo “esta é sua vida” e game-shows de perguntas e respostas. Recebeu nomes como Gugu Liberato (1959-2019) e Mara Maravilha em seu programa.

Apesar de ter sido aprovado na função de animador e obter excelentes resultados no Ibope, Chapelin não ficou muito satisfeito com o resultado e com a estrutura do SBT. À Veja, em janeiro de 1984, disse que ainda não era aquilo que ele queria.

“Eu me pergunto até onde uma pessoa pode gastar o prestígio acumulado e até quando pode trabalhar em algo que não corresponde às suas aspirações mais profundas”, afirmou.

Durou pouco

Além da insatisfação pessoal, existia a questão financeira. Mesmo ganhando bem, Chapelin não conseguia atuar em comerciais, já que os mesmos tiveram exibição proibida na Globo. E poucos anunciantes se dispunham a gastar fortunas em campanhas sem pode-las exibir na maior emissora do País.

Começaram aí as especulações de que deixaria a emissora. Profissional, cumpriu seu contrato de um ano e apresentou o programa até 1º de maio de 1984, mantendo os bons índices de audiência. No dia 08 de maio, entregou o bastão para o veterano Murilo Néri (1923-2001), que passou a comandar a atração a partir dali. O programa, sem a mesma repercussão, foi extinto alguns meses depois.

Chapelin voltou para a antiga casa ainda em abril de 1984. Em maio, retornou ao Fantástico. Foi bem recebido, com direito a elogios do então diretor do jornalístico, José Itamar de Freitas, na imprensa.

Em 1989, voltou ao Jornal Nacional, fazendo, novamente dupla com Cid Moreira. Ficou até 1996, quando assumiu o Globo Repórter, que comandou até setembro de 2019, voltando a aparecer de corpo inteiro na tela. Atualmente, está aposentado e longe da telinha.

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