A Viagem – Semana #8

• Téo e Lisa se conhecem, na clínica oftalmológica. É um entrecho bacana, Andréa Beltrão e Maurício Mattar têm boa química em cena, formam um casal bonito, e essa é uma situação que rende. Percebem como Ivani Ribeiro enreda bem os personagens neste caso? Téo é casado com Diná, que é um desafeto de Lisa, enquanto ela está saindo com Mauro, que trabalha com Téo, mas não gosta dele, tem inveja de seu sucesso, de sua posição e popularidade.

A autora alimenta então no público a expectativa de que Diná e Mauro descubram que Téo e Lisa estão apaixonados.

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• Alexandre chegou ao Vale dos Suicidas. Muito boas as cenas na pedreira em Niterói, onde as sequências foram gravadas. Um lugar amplo, bem aparamentado, com muitos figurantes, boa fotografia, figurinos, caracterizações, ótimas tomadas e efeitos especiais. Claro que guardadas as devidas proporções, diante dos recursos da época.

Acho que quem foi criança em 1994 ficou assustada, não? Eu lembro que, na versão da Tupi, por causa das cenas no Vale dos Suicidas, nunca mais quis ver a novela. Mas não lembro com detalhes.

• Alexandre já começou a sua vingança: por Dona Guiomar, que, a partir de agora, muda completamente de atitude com relação a Raul. Achei toda a sequência com Laura Cardoso bem sinistra – no bom sentido – muito por conta da interpretação da atriz e da trilha sonora. Laura Cardoso dá credibilidade à personagem, diferente de Maurício Mattar, que, possuído, ficava risível.

• Ismael voltou, para o desespero de Estelinha. E com toda razão dela: Ismael vai infernizar a vida da coitada. Eu lembro que não gostava desse entrecho, porque Estela sofre demais. Bia fica muito tempo do lado do pai, demora para se conscientizar que ele não presta. É muito sofrimento.

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• Bia corria pela cidade procurando pelo pai, abordando homens que em nada lembravam o ator Jonas Bloch. Entendíamos que era porque ela se recordava pouco de Ismael, já que ele abandonou a família quando ela era muito criança. No entanto, Ismael aparece no portão de casa e ela o reconhece imediatamente! A cena fica ainda mais absurda porque não foi exibida, apenas ouvida. Deveria ter havido, no mínimo, um momento de dúvida por parte da garota.

• Em várias situações Dona Maroca demonstrou ser uma mulher sem muito discernimento das coisas, principalmente com relação a Estela (que ela insiste em criticar), em relação a Alexandre (ainda que na novela esta tivesse sido uma relação mal desenvolvida), e agora em relação a Ismael, rejeitando o fato de que nitidamente ele era péssimo para Estela. Às vezes, Maroca tem momentos de lucidez e sabedoria – quando critica Diná por seu ciúme, por exemplo.

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Nem vou entrar no mérito de seus comentários horríveis sobre a posição da mulher e o casamento, que ela já fez, porque acho que devemos levar em consideração que a personagem, escrita na década de 1970, refletia um pensamento da mulher da década de 1940 ou de 1950.

• Percebem como Estela é uma personagem complexa? Só acho que ela pega muito pesado. É exigente demais com todos, foi muito dura com Alberto e absolutamente ingrata com Tibério – sensação intensificada pela carinha de cachorro que caiu da mudança que Ary Fontoura faz!

• Enfim, Maroca e Estela refletem bem o universo narrativo de Ivani Ribeiro. As tramas da autora são muitas vezes fundamentadas em situações bem pueris, mas os personagens são muito humanos, fáceis de serem reconhecidos pelo público, o que leva à necessária identificação para embarcar em suas histórias.

SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.

SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor