Nos últimos tempos, a mídia tem dado destaque às tentativas do Grupo Jovem Pan em obter uma emissora de televisão. Muito se falou sobre a Jovem Pan ficar com o sinal do canal 32 de São Paulo, que transmitiu a programação da Loading e da extinta MTV Brasil. Contudo, em agosto deste ano, a Justiça cassou a concessão do canal e colocou em risco os planos de mais uma nova emissora de TV na capital paulista. No final das contas, a estreia vai ocorrer no dia 27 de outubro, apenas na TV por assinatura.

Mas não será a primeira vez que Seu Tuta e Antônio Augusto do Amaral Carvalho Filho, o Tutinha (foto acima), proprietários da rádio, tentam emplacar um canal de TV. Nos anos 1990, ele conseguiu montar uma moderna emissora, transmitida em UHF na cidade de São Paulo.

Em 1987, no então governo de José Sarney, o grupo conseguiu a concessão do canal 16 UHF da capital paulista. Mas, somente em 1991, a emissora entrou no ar como uma das mais modernas da época. Foram gastos mais de US$ 16 milhões em equipamentos, além da implantação de uma antena na Avenida Paulista, 10 vezes mais potente do que a torre da Globo, realizando transmissões em estéreo e em SAP – sistema que dava a opção de assistir ao programa em seu áudio original.

A programação do canal era voltada para o esporte, transmitindo Campeonato Paulista, torneios de futsal, Copa São Paulo de Juniores, entre outros eventos, que eram narrados por nomes como Milton Leite e Milton Neves. Essas coberturas esportivas ficaram marcadas pela quantidade de câmeras espalhadas pelo estádio, o que proporcionou modernidade nas transmissões.

O jornalismo também tinha espaço na programação, com jornais e programas voltados para a cidade de São Paulo. Documentários estrangeiros também faziam parte da programação, assim como filmes antigos, já reprisados por outros canais.

A Jovem Pan TV demandou um grande investimento, que acabou se transformando em prejuízo. Sem ter como pagar as dívidas e diante das discordâncias entre os sócios, houve uma tentativa de dissolver o canal em 1992, porém um dos sócios foi contra, dizendo que era viável mantê-lo. Em 1993, foi aberta uma CPI da Jovem Pan para investigar possíveis irregularidades. Tuta foi então retirado da sociedade e a CPI concluiu que houve prática de sonegação fiscal, enriquecimento ilícito e dívidas de FGTS e INSS.

A Record comprou a sede do canal, que ficava na Barra Funda, adquirindo também os modernos equipamentos da época. A Jovem Pan TV deixou de existir, dando lugar ao CBI (Canal Brasileiro da Informação), que vendeu toda sua grade para o Shop Tour.

Anos depois, em meados da década de 2000, aproveitando o crescimento da internet, Tuta convocou Nilton Travesso para fazer a “rádio com imagem”, levando ao público programas como o Pânico, entrevistas com personalidades, previsão do tempo, análises políticas, entre outras produções, inovando a linguagem da rádio, aproximando cada vez mais o público da imagem de locutores e gerando uma grande audiência no mundo digital.

O projeto deu certo e hoje, com um estúdio moderno, a Jovem Pan transmite todos os seus programas pela internet em alta definição, como Os Pingos nos Is, com Augusto Nunes (foto acima), contando com milhões de inscritos em seus canais. Agora resta aguardar para ver como será a nova empreitada e se a Jovem Pan TV voltará a ser uma TV aberta de São Paulo.

Colaborou Italo Bertão Filho

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor