A TV aberta nunca esteve tão pobre. Globo, Record e SBT, as três maiores emissoras do Brasil, demonstram pouca capacidade criativa e não conseguem mais surpreender o público. Com isso, começam a abusar de atalhos, como as infalíveis reprises de novelas e séries.
Mesmo a Globo, que ainda mantém uma produção maior, precisou apelar para duas reapresentações para alavancar sua grade vespertina. Enquanto isso, Record e SBT testam a paciência do público com nada menos que quatro repetecos diários.
Trinca de reprises
A Record vive um dos períodos mais críticos de sua história recente. Incapaz de manter uma produção contínua de novelas, a emissora vem apelando para reapresentações em pleno horário nobre. Atualmente, a emissora exibe nada menos que três reprises seguidas no horário mais concorrido da televisão brasileira.
A pausa na exibição de Reis obrigou a emissora a recorrer à terceira reprise de Jesus (2018). A trama protagonizada por Dudu Azevedo foi exibida quatro vezes em quatro anos, sendo que não demonstrou grande potencial de audiência em nenhuma delas. Mas, talvez por falta de opção, a Record segue insistindo no folhetim.
Além de Jesus, a Record também reapresenta Amor sem Igual (2019), sua última novela contemporânea. A narrativa de Cristianne Fridman também não é boa de Ibope, mas segue no ar praticamente na íntegra. Provavelmente, porque sua história é, na verdade, uma grande propaganda da Igreja Universal do Reino de Deus.
Por fim, a emissora também tirou da gaveta a série A Lei e o Crime (2009), para ocupar sua linha de shows durante o mês de janeiro. A produção escrita por Marcílio Moraes já havia sido reprisada outras duas vezes, mas ganha uma nova oportunidade.
Além das três reprises da noite, a Record ainda mantém sua faixa de novelas à tarde. Atualmente, vai ao ar a enésima reapresentação de Os Dez Mandamentos (2015).
Falta de conteúdo
O SBT sempre foi adepto de reprises, mas sua grade mostra o quanto o canal está carente de conteúdo. Atualmente, a emissora reexibe as novelas Pequena Travessa (2002), Cristal (2006), A Dona (2010) e Cúmplices de um Resgate (2015).
O canal de Silvio Santos recorre às suas produções de sempre por pura falta de conteúdo. A emissora não dispõe mais de desenhos e séries arrasa-quarteirão, que já fizeram sua alegria no passado. Além disso, não parece capaz de criar algo novo e competitivo. Assim, reexibe suas tramas num looping eterno.
Até mesmo a Globo expõe sua falta de criatividade ao reapresentar duas novelas no horário da tarde. O canal extinguiu o Vídeo Show e não foi capaz de criar algo para sucedê-lo. O Se Joga foi um grande desastre. A solução, então, foi recorrer aos clássicos de Walcyr Carrasco em “edições especiais”.
A bola da vez é Chocolate com Pimenta (2003). Para o Vale a Pena Ver de Novo, o terceiro repeteco de O Rei do Gado (1996).
Este excesso de reprises mostra o quanto a TV aberta brasileira vive uma fase preguiçosa e pouco criativa. O futuro, neste contexto, não é nada promissor.