Nem o Fenômeno salvou: Viva exibe conturbada temporada de Malhação
06/04/2022 às 11h30
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A temporada 1997 de Malhação voltou ao vídeo na última segunda-feira (4), às 16h15, através do Canal VIVA – sempre com reapresentação no dia seguinte, 2h e 12h. Tal fase ficou marcada por duas participações especiais, de Ronaldo Fenômeno e Bon Jovi, e a mudança de rota promovida por Carlos Lombardi e Boninho, recrutados para salvar a audiência.
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Malhação 1997 ganhou forma em meio à saída de Fernanda Rodrigues do elenco. Estrela das duas primeiras temporadas, Fernandinha seguiu para o horário das sete, em Zazá (1997), ao lado da colega Juliana Martins.
Outra musa das fases iniciais, Ana Paula Tabalipa migrou para as seis com O Amor Está no Ar (1997) – assim como o roteirista Filipe Miguez. Danton Mello, por sua vez, atendeu ao chamado do diretor Roberto Talma para Dona Anja (1996), produção da independente JPO exibida pelo SBT.
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Protagonista dos filmes O Monge e a Filha do Carrasco (1995) e Buena Sorte (1996), Karina Barum foi eleita para o posto de protagonista. Débora surgiu em cena como interesse amoroso de Dado (Cláudio Heinrich), abandonado por Luiza.
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O romance encontrou resistência em Toni (Walter Verve), então namorado da mocinha. O modelo Guilherme Medalha foi convocado para Gaúcho, marombeiro promovido a funcionário da academia que mexeu com o coração de Alex (Camila Pitanga), ex de Héricles.
Mais mudanças
Na nova temporada, a ex-paquita Ana Paula Guimarães, antes elenco de apoio, ganhou destaque. Nani dividiu espaço com Úrsula, professora de ginástica artística defendida por outra auxiliar de Xuxa Meneghel, Bianca Rinaldi. O esporte em questão entrou para o enredo por conta da campanha que pretendia fazer do Rio de Janeiro a sede das Olimpíadas 2004, realizadas em Atenas, Grécia.
Jonas Torres, o eterno Bacana de Armação Ilimitada (1985), acabou de fora. A intenção era contar com o mesmo personagem vivido por ele numa participação em 1996, o folgado Severino Jr, o que não aconteceu. Jonas foi recrutado no ano seguinte, quando o folhetim abriu mão da academia.
Nos primeiros capítulos de Malhação 1997, a turma se aventurou na escalada do fictício Morro das Almas. As sequências dos 10 episódios iniciais foram gravadas em Três Rios, região serrana do Rio, durante 20 dias.
O diretor-geral Flávio Colatrello Jr participou destas cenas como Rômulo, instrutor de escalada do grupo liderado por Mocotó (André Marques).
Reforma na academia
Para tal temporada, a academia passou por reformas, ganhando um visual náutico. Uma espécie de vela serviu de cobertura para o local, que passou a contar com um ginásio dedicado à ginástica artística.
O conflito inicial desta nova fase envolveu Fausto (Norton Nascimento), sócio de Dóris (Bianca Byington) e Joana (Samantha Dalsoglio) no estabelecimento. A indicação do ator para o protagonista adulto partiu de Mário Lúcio Vaz, então diretor da Central Globo de Produção.
Norton celebrou o convite, em depoimento ao jornal O Globo de 6 de abril de 1997:
“Será a primeira vez que a Globo terá um protagonista negro numa novela. Considero um salto enorme não só para mim como para a própria emissora. Acho que essa história vai mexer muito com a cabeça do telespectador, o que é fundamental para um público adolescente, que está começando a ter princípios”.
Baixa audiência
As novidades de Malhação, contudo, não surtiram efeito na audiência. Os números aquém da expectativa impactaram O Amor Está no Ar, lançada às 18h no mesmo 31 de março de 1997.
O Vale a Pena Ver de Novo, com a reta final de Mulheres de Areia (1993), ultrapassava os 30 pontos enquanto a novela das 17h30 penava para atingir 20 de média – e a trama exibida na sequência girava em torno de 25. Em junho, Wolf Maya passou a direção de núcleo para J.B. de Oliveira, o Boninho.
Boninho, então à frente da bem-sucedida Caça Talentos (1996), novela infantil estrelada por Angélica, logo fechou avaliação sobre a nova empreitada. De acordo com o hoje Big Boss, Malhação não falava mais a língua dos jovens. A expectativa era que, após o trabalho, Boninho passasse para os folhetins do horário nobre.
“Voltaremos a tratar de temas verossímeis e próximos da realidade da garotada, como drogas, sexo, trabalho, etc. Daqui para frente, vamos malhar menos e pensar mais para recuperar a audiência perdida”, avisou em entrevista ao jornal O Globo de 1º de junho de 1997).
A troca acarretou na saída de Karina Barum da temporada. O redator final Charles Peixoto afirmou, na mesma edição de O Globo:
“Ela é uma excelente atriz. Mas nenhuma das pessoas que estrearam no elenco este ano estabeleceram a mesma empatia com o público que gente que já saiu, como Fernanda Rodrigues”.
A atriz voltou ao estúdio na reta final da fase 1997; no ano seguinte, assumiu Shirley, figura de destaque em Torre de Babel.
Lilian Garcia, que também respondia pelo texto final, com Charles e Eliane Garcia, confirmou a intenção de amadurecer os conflitos ao Jornal do Brasil (28/06/1997).
“Devido à queda de Ibope, a direção da emissora pediu que retornássemos a temas mais próximos da vida real dos adolescentes. Esses temas haviam se esgotado. E estávamos usando, por isso, muito humor nas tramas”, admitiu.
Fenômeno
A virada de Malhação se deu após a saída de Suzana Werner do elenco. A intérprete de Mariana, também apresentadora do SporTV e atacante do Fluminense, bateu em retirada junto do namorado na “vida real”, na ocasião, Ronaldo Fenômeno. O jogador, então contratado do Inter de Milão, marcou presença em três capítulos.
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Ronaldinho respondeu por Roberto Lobo, o Betinho, nesta participação pra lá de especial. O tipo, novo técnico do time de futebol feminino, roubou Mariana de Romão (Luigi Baricelli) – que ela tentava segurar com uma falsa gravidez.
Romão, presente desde a primeira temporada, foi dispensado logo em seguida, assim como Alex.
Relançamento
A Globo aguardou o fim das férias de julho para relançar Malhação – em 28 de julho de 1997. Logo de cara, a ficção emulou a realidade: o primeiro capítulo sob supervisão de Carlos Lombardi abriu com uma placa de “passa-se o ponto” na fachada da academia. A cena foi de encontro ao burburinho em torno do fim da novela… O milionário Orestes (Francisco Cuoco) adquiriu as ações de Joana, também rifada da narrativa, tornando-se sócio de Fausto, Dóris e Dado, que trocou seu salário por uma participação nos lucros.
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A reestreia trouxe ainda o nascimento do filho de Maria (Talita Castro). A jovem, sem apoio dos pais e do homem que a engravidou, buscou abrigo no estabelecimento pouco antes de entrar em trabalho de parto. O jogador de futebol Vudu (Pedro Vasconcelos) – talentoso como Ronaldo, genioso com Edmundo – acompanhou toda a situação. Quando voltou à academia atrás de notícias da moça, conheceu a mimada Patrícia (Luana Piovani).
Com a reformulação, Carolina Dieckmann voltou a encarnar July, vilã da primeira fase que buscou convencer Dado a se acertar com os pais. A participação de Carol, estrela da última novela de Lombardi, Vira Lata (1996), durou duas semanas. Dado cresceu quando abdicou da mesada dos pais; também por conta de seus relacionamentos com Maria e Bárbara (Lucinha Lins).
Musa da quase embrionária internet, com impressionantes cinco páginas em sua homenagem, Luana Piovani foi escalada para Malhação após abrir mão de Paula, vilã de Anjo Mau (1997). A atriz se desentendeu com a equipe do remake, que convocou ninguém, ninguém menos que Alessandra Negrini para substituí-la.
O relacionamento de Patrícia e Vudu impulsionou os índices de audiência, assim como o de Dado e Bárbara, esposa de Orestes. A diferença de idade foi aplacada pelo fogo do casal, embalado por Don’t Speak, da banda estadunidense No Doubt. Don’t Speak, uma das músicas mais executadas do ano, não entrou para a trilha… O mesmo se deu com os hits que Jon Bon Jovi cantou em participação especial.
Na reta final, Nívea Stelmann, destaque de A Indomada (1997) que já havia marcado presença em Malhação de Verão (1996), surgiu em cena como Mônica, enteada de Bárbara, também interessada em Dado. A fase 1997 contou ainda com Cristina Mullins como Andréa, mãe de uma menina com QI elevado, Rafaela (Carolina Pavanelli). Também Ângelo Paes Leme, o Nando, que lutou contra as limitações causadas por um acidente automobilístico. Ainda, Rita Guedes na pele da deficiente visual Luana. E as veteranas Beth Goulart (Lygia) e Renée de Vielmond (Lorena).