No dia 15 de setembro de 2022, completará seis anos que um dos grandes atores da nova geração faleceu: Domingos Montagner. Ele se afogou no Rio São Francisco enquanto fazia uma pausa das gravações da novela Velho Chico (2016).

Domingos Montagner

O ator tinha apenas 54 anos, era casado com a produtora Luciana Lima e pai de três filhos. A comoção foi imensa, entre os colegas e o público, que acompanhava em seu primeiro trabalho como protagonista no horário nobre da Globo.

O fatídico dia

Domingos Montagner

Em entrevista ao site Universa, do UOL, a viúva de Montagner relembrou sua vida com o ator e o dia da tragédia:

“Tinha acabado de buscar meus filhos na escola. Deixei os meninos em casa e voltei para o trabalho. Tudo normal – até que o telefone tocou. Quando eu escutei o ‘alô’ do Mário [Canivello, assessor de imprensa de Domingos], meu corpo inteiro gelou”.

“‘Você tem acesso ao Instagram?’, ele perguntou. ‘Tenho, mas o que está acontecendo?’. Ele me explicou que o Domingos tinha ido tomar banho no rio e desapareceu”, relatou Luciana.

O cuidado com os filhos

Velho Chico

A primeira atitude de Luciana Lima foi ficar ao lado dos filhos para evitar que eles soubessem de algo por meio de outras pessoas.

“Pedi para buscar os dois menores na escola, para evitar que ouvissem comentários na saída. O Leo [filho mais velho] estava sozinho em casa, com acesso à internet. Entrei, fui direto ao quarto dele e expliquei: ‘O papai sumiu no rio, mas ele sabe nadar, provavelmente está em algum lugar esperando o resgate’. Falei para ele o que eu queria acreditar”, contou.

A produtora sabia muito bem o sentimento que o primogênito do ator estava enfrentando, pois ela perdeu um irmão aos 13 anos de idade.

A confirmação da perda

Domingos Montagner e Luciana Lima

Luciana foi informada da morte de Montagner por meio de uma ligação feira pela Mônica Albuquerque, então diretora da Globo. Ela ouviu a notícia com calma e foi informar o fato para as crianças:

“Os meninos pequenos estavam na sala. Levei-os para o quarto do Leo, que já era um adolescente, gostava de ficar mais reservado, e falei que tinha uma notícia para dar. Ele perguntou: ‘O papai conseguiu, mãe?’. E eu disse que não. O Antônio foi o primeiro a verbalizar: ‘O papai morreu?’. A partir daí, a gente se grudou. Juntamos nossos quatro corpos e ficamos ainda mais unidos”.

A vida após a tragédia

Velho Chico

Os dias se seguiram e a esposa do ator passou por um estado de choque, tentando entender e digerir toda a tragédia.

“Tinha momentos em que eu chorava muito, desesperadamente, me derretia inteira, acabavam as minhas forças, não sentia o corpo. Aí eu me levantava e pensava: ‘Ok. Vamos lá’”, comentou.

A família que vivia em Embu das Artes, São Paulo, sempre foi muito reservada, o que se manteve no momento do luto. Luciana teve todo o apoio da mãe, que ficou com eles por três meses. Além disso, também se apegou à espiritualidade para seguir em frente.

[anuncio_5]

A amizade com Camila Pitanga

Velho Chico

Domingos Montagner fazia par romântico com Camila Pitanga na trama de Benedito Ruy Barbosa e Bruno Luperi. Luciana falou sobre a amizade que criou com a atriz:

“Claro que existia ciúme, principalmente quando ele começou a fazer novelas, mas a nossa troca era boa e nossos combinados eram muito claros, de muita confiança. Qualquer coisa que estivesse fugindo do script, que não estivesse bom para os dois, a gente conversava. Aprendi a lidar lidando. Mas, depois que ele morreu, nós ficamos muito próximas, Camila e eu. Ela ficou muito impactada com o que aconteceu, eu a acolhi como pude e vice-versa”.

A memória do ator é forte e viva na vida de Luciana, que sente a felicidade de ter vivido ao lado de sua grande paixão.

“Quando vem a saudade, aí sim vou para o meu quarto, choro, sinto falta do cheirinho, da voz, penso nele, vejo fotos, figurinos, fico lembrando. Mas, sempre que me lembro dele, é de uma forma muito leve, nunca de pesar. Eu não consigo mais chorar de dor, me emociono em outro lugar, de felicidade, alegria”, salientou.

Compartilhar.
Avatar photo

Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor