Em meio a tantas repetições de elenco, muitas vezes desgastando a imagem de vários atores, foi um prazer ver Jayme Monjardim apostar em dois rostos novos para protagonizar Tempo de Amar. O diretor se mostrou corajoso. Pena que a aposta em Bruno Cabrerizo tenha sido equivocada, pois o rapaz ainda tem muito a aprender – inexpressivo, não convence na maioria das cenas. Entretanto, a escolha de Vitória Strada foi certeira.

A mocinha da novela de Alcides Nogueira (escrita com Bia Corrêa do Lago) é um papel muito complicado. Até mesmo uma intérprete mais experiente teria dificuldades de vivê-la. Afinal, Maria Vitória foi vítima de uma sucessão de desgraças nos primeiros meses de história, protagonizando inúmeras cenas de puro sofrimento e muito chororô. Um verdadeiro vale de lágrimas. O título do folhetim até deveria ter sido “Tempo de Chorar” durante essa época.

A filha de José Augusto (Tony Ramos) engravidou do então amor de sua vida e acabou colocada em um convento tradicional de Portugal pelo pai, perdendo contato com Inácio, que viajou para o Rio de Janeiro. Ela ainda teve sua filha retirada de seus braços poucas semanas depois de ter parido e logo depois escapou das freiras, conseguindo viajar para ir atrás de seu amado.

Porém, no navio, sofreu uma tentativa de estupro e foi estapeada pelo canalha Teodoro (Henri Castelli), um deputado influente. Ao chegar na cidade maravilhosa, quase virou prostituta, indo parar em um bordel com as amigas que conheceu na viagem. Enfim, sofrimento não faltou.

E Vitória convenceu em todas as difíceis cenas. O risco de soar artificial ou sem emoção em virtude da natural inexperiência era uma constante, mas ela escapou com facilidade. A sua emoção estava presente em todos os momentos, comovendo o telespectador e provando o acerto da sua escalação. Foi fácil mergulhar no drama da mocinha graças ao talento da intérprete, que a transformou em um tipo adorável e doce. Mesmo a mocinha sendo certinha demais e não apresentando qualquer defeito (é um perfil maniqueísta), a atriz evitou que a sua composição caísse no piegas ou na chatice.

Aliás, se ainda havia alguma dúvida da competência da intérprete, a mesma se dissipou de vez nas sequências mais recentes da novela das seis da Globo. O encontro de Maria Vitória com Celeste Hermínia (conhecendo a mãe que achava estar morta) foi emocionante, destacando o profissionalismo de Vitória, que protagonizou um delicado momento com a grande Marisa Orth. Vale citar ainda o reencontro da mocinha com José Augusto, expondo a entrega da novata, cuja segurança pôde ser percebida do início ao fim da cena. Ela dividiu a sequência de igual para igual com o genial Tony Ramos. Os olhares deles já bastavam. E a atriz ainda tem uma bela sintonia com Bruno Ferrari, intérprete do íntegro Vicente. Outra linda cena foi o reencontro da mocinha com sua filha, Mariana, em Portugal, após muita espera. De chorar.

Vitória Strada é uma grata surpresa de Tempo de Amar. Após uma participação no filme Real Beleza, em 2015, a atriz estreia na televisão com um papel de imenso destaque e mostra que veio para ficar. Com certeza será uma profissional bastante requisitada nas próximas produções da Globo e faz por merecer. Maria Vitória está muito bem representada na faixa das seis.


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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor