Uma pegadinha realizada por Luciano Huck no extinto Caldeirão do Huck, da Globo, foi parar na Justiça. Um homem que participou da brincadeira não autorizou o uso de sua imagem, mas, mesmo assim, sua participação foi ao ar. Isso o levou a processar a emissora.
Quase sete anos após o ocorrido, a Globo foi condenada a indenizar o homem. No entanto, Ricardo José Rímola, a “vítima” da pegadinha, faleceu em 2015, mais de quatro anos antes da sentença.
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Câmera escondida
Uma das atrações do Caldeirão do Huck era o quadro X1000. Tratava-se de uma típica “pegadinha”, na qual o apresentador simulava situações na rua para “testar a solidariedade do brasileiro”. Aquele que topasse ajudar o ator da pegadinha na situação proposta, sem saber que estava sendo filmado, tinha todas as moedas que carregava no bolso multiplicada por mil.
Ricardo José Rímola foi abordado por um ator do Caldeirão em 2013. Na ocasião, o ator fingia ser um homem desesperado por ter manchado sua camisa com uma caneta azul. Ele, então, pedia aos transeuntes uma camisa emprestada para que pudesse participar de uma entrevista de emprego. O primeiro a emprestar a camisa era premiado por Huck.
Porém, Rímola não quis emprestar a camisa. Em seguida, ele foi abordado pela produção, que explicou se tratar de uma brincadeira e solicitou que ele assinasse uma autorização de uso de imagem. O homem não quis assinar, mas, mesmo assim, sua imagem foi exibida no programa da Globo.
Processo
Ricardo José Rímola, que era coordenador do curso de Enfermagem em uma universidade, não gostou de ver que sua imagem havia sido exibida no programa de Luciano Huck. Em conversa com o portal Notícias da TV, em fevereiro de 2020, a filha de Rímola explicou que o pai passou a ser alvo de piada dos alunos por conta da pegadinha.
Por isso, o educador entrou com um processo contra a Globo e Luciano Huck por uso indevido de imagem e dano moral. A emissora, então, entrou com um pedido de improcedência, afirmando não haver provas de que a exibição da imagem da vítima teria lhe causado algum dano.
O caso foi julgado pelo juiz Leonardo Grandmasson Ferreira Chaves. O magistrado isentou o marido de Angélica de culpa, mas condenou a Globo a pagar uma indenização de R$ 30 mil mais juros. No entanto, Rímola já havia falecido quando a sentença saiu.
Sentença
Em sua sentença, o juiz concordou que a Globo usou a imagem da vítima indevidamente e o expôs de modo negativo.
“No caso em análise, o autor não atendeu a solicitação [do ator], sendo retratado em cadeia nacional como exemplo de pessoa não gentil, evidenciando, assim, uma característica negativa”, sentenciou o magistrado.
“Muito embora a imagem tenha sido gravada de longe, é plenamente possível a identificação do autor pelas pessoas de seu relacionamento pessoal e/ou profissional. Frise-se, inclusive, que a voz do autor também foi veiculada”, afirmou o juiz.
O juiz também entendeu que o dano moral é “personalíssimo”, mas seus efeitos patrimoniais são “transmissíveis”. Deste modo, a Globo foi condenada a indenizar os herdeiros de Rímola.
Ao Notícias da TV, a filha de Ricardo Rímola afirmou que a morte do pai aconteceu em 2015 e nada teve a ver com o processo. O educador faleceu por conta de problemas pulmonares.