“A vingança é um prato que se come frio”. O ditado popular serve para ilustrar o que vai acontecer com uma trama que acabou sendo proibida na primeira versão de Vale Tudo, em 1988, e ganhará destaque no remake que estreará em março do ano que vem.
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Após mais de 35 anos, a Globo vai dar o “troco” no governo e desenvolver os acontecimentos envolvendo Cecília (Lala Deheinzelin), Laís (Cristina Prochaska) e Marco Aurélio (Reginaldo Faria).
Tragédia
Na trama, o relacionamento de Cecília e Laís era pessoal e profissional. As duas construíram uma pousada em Búzios (RJ), na qual a protagonista Raquel (Regina Duarte) se empregou durante a narrativa.
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Com a morte de Cecília em um acidente automobilístico, Marco Aurélio, irmão da empreendedora, decidiu ir à Justiça reivindicar o patrimônio adquirido enquanto ela esteve com Laís.
O romance de Cecília e Laís era “invalidado” por Marco Aurélio pelo fato das duas serem lésbicas, como se a relação homoafetiva não implicasse em direitos sobre a herança.
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Dessa forma, Vale Tudo buscava justamente discutir a legalidade do casamento gay e os consequentes direitos da viúva sobre a herança da outra.
Nada feito
Três anos após a redemocratização, a Censura que mutilou diversas novelas da Globo ainda estava em vigor, dando seus últimos suspiros.
Várias cenas foram cortadas, atrapalhando a compreensão do público sobre o relacionamento das duas. O então diretor da Censura, Raimundo Mesquita, chegou a classificar o casamento delas como “aberração”.
“Esse assunto, quando não tratado entre quatro paredes, deve ter um enfoque científico ou didático. O lesbianismo, se colocado de forma jocosa ou simpática, pode parecer ao jovem uma prática sadia e induzir o pré-adolescente a aceitá-lo como solução. O relacionamento homossexual é uma aberração”, afirmou Mesquita em documento oficial, conforme relatado pelo Jornal do Brasil em 19 de julho de 1988.
Cecília acabou realmente deixando a trama, Laís ganhou outras funções e uma nova namorada no final da história, mas sem grande destaque.
História real
Os dois adquiriram um apartamento, ainda na planta, em meados da década de 1970. Jorginho faleceu em 1987, vítima de Aids, e Marco precisou brigar com os sogros nos tribunais pela posse do imóvel.
A decisão definitiva sobre o caso só saiu em 2018. O viúvo, enfim, ficou com o apartamento localizado no Leblon, Zona Sul do Rio.
Em 2025, o público poderá, enfim, conhecer essa história e acompanhar o que a Globo havia preparado para as duas personagens, com as devidas adaptações.
Vale lembrar que as leis atuais protegem os casais homoafetivos, que são destacados em todas as novelas atuais.