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Vingança: Globo usa remake de Vale Tudo para dar o troco no governo

14/11/2024 às 18h21

Por: Thais Milena
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Reginaldo Faria e Cassia Kis em Vale Tudo

“A vingança é um prato que se come frio”. O ditado popular serve para ilustrar o que vai acontecer com uma trama que acabou sendo proibida na primeira versão de Vale Tudo, em 1988, e ganhará destaque no remake que estreará em março do ano que vem.

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Após mais de 35 anos, a Globo vai dar o “troco” no governo e desenvolver os acontecimentos envolvendo Cecília (Lala Deheinzelin), Laís (Cristina Prochaska) e Marco Aurélio (Reginaldo Faria).

Tragédia

Na trama, o relacionamento de Cecília e Laís era pessoal e profissional. As duas construíram uma pousada em Búzios (RJ), na qual a protagonista Raquel (Regina Duarte) se empregou durante a narrativa.

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Com a morte de Cecília em um acidente automobilístico, Marco Aurélio, irmão da empreendedora, decidiu ir à Justiça reivindicar o patrimônio adquirido enquanto ela esteve com Laís.

O romance de Cecília e Laís era “invalidado” por Marco Aurélio pelo fato das duas serem lésbicas, como se a relação homoafetiva não implicasse em direitos sobre a herança.

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Dessa forma, Vale Tudo buscava justamente discutir a legalidade do casamento gay e os consequentes direitos da viúva sobre a herança da outra.

Nada feito

Cristina Prochaska e Lala Deheinzelin em Vale Tudo
Cristina Prochaska e Lala Deheinzelin em Vale Tudo

Três anos após a redemocratização, a Censura que mutilou diversas novelas da Globo ainda estava em vigor, dando seus últimos suspiros.

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Dessa forma, a tragédia envolvendo o casal de lésbicas não pode ser desenvolvido com clareza, já que o governo determinou cortes em diálogos e ações.

Várias cenas foram cortadas, atrapalhando a compreensão do público sobre o relacionamento das duas. O então diretor da Censura, Raimundo Mesquita, chegou a classificar o casamento delas como “aberração”.

“Esse assunto, quando não tratado entre quatro paredes, deve ter um enfoque científico ou didático. O lesbianismo, se colocado de forma jocosa ou simpática, pode parecer ao jovem uma prática sadia e induzir o pré-adolescente a aceitá-lo como solução. O relacionamento homossexual é uma aberração”, afirmou Mesquita em documento oficial, conforme relatado pelo Jornal do Brasil em 19 de julho de 1988.

Cecília acabou realmente deixando a trama, Laís ganhou outras funções e uma nova namorada no final da história, mas sem grande destaque.

História real

Jorge Guinle Filho
Jorge Guinle Filho

O enredo era era baseado numa história real, envolvendo o artista plástico Jorge Guinle Filho e o fotógrafo Marco Rodrigues.

Os dois adquiriram um apartamento, ainda na planta, em meados da década de 1970. Jorginho faleceu em 1987, vítima de Aids, e Marco precisou brigar com os sogros nos tribunais pela posse do imóvel.

A decisão definitiva sobre o caso só saiu em 2018. O viúvo, enfim, ficou com o apartamento localizado no Leblon, Zona Sul do Rio.

Em 2025, o público poderá, enfim, conhecer essa história e acompanhar o que a Globo havia preparado para as duas personagens, com as devidas adaptações.

Vale lembrar que as leis atuais protegem os casais homoafetivos, que são destacados em todas as novelas atuais.

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